Investigações da Polícia Federal indicam que Matheus Possebon teria participado na movimentação de R$ 250 milhões em transações com o minério cassiterita, sendo um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes
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Nota da Polícia Federal indica possível participação de Alexandre Pires no esquema
O empresário Matheus Possebon foi preso preventivamente nesta terça-feira, 5, por suspeita de envolvimento com garimpo ilegal de minérios na terra indígena Yanomami. Ele é responsável por gerenciar a carreira de Alexandre Pires e ser um dos executivos da produtora de eventos Opus Entretenimento. Possebon foi detido em Santos, no litoral de São Paulo, ao desembarcar de um cruzeiro temático do ex-vocalista do grupo Só Pra Contrariar. A Polícia Federal investiga a participação dele e de outros empresários na movimentação de R$ 250 milhões em transações com o minério cassiterita, utilizado na produção de tintas, plásticos e fungicidas. O material teria sido extraído ilegalmente da terra indígena Yanomami. Informações divulgadas pela PF afirmam que os índicios iniciais da investigação apontam para a participação de ” um empresário do ramo musical, de expressão nacional, que seria um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes, bem como um cantor, que teria recebido ao menos um milhão de reais de uma mineradora investigada” no esquema, uma aparente referência à Pires.
“Na qualidade de advogado do cantor e compositor Alexandre Pires, vimos a público, diante das notícias veiculadas pela mídia em geral, esclarecer que o cantor Alexandre Pires não tem e nunca teve qualquer envolvimento com garimpo ou extração de minério, muito menos em área indígena. Destacamos que o referido cantor e compositor é uma das mais importantes referências da música brasileira, sendo possuidor de uma longa e impecável carreira artística. Alexandre Pires foi tomado de surpresa diante da recente operação da Polícia Federal que indevidamente envolveu seu nome. Por fim, salientamos que o cantor e compositor Alexandre Pires jamais cometeu qualquer ilícito, o que será devidamente demonstrado no decorrer das investigações, reiterando sua confiança na Justiça brasileira”, afirmou o advogado criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso.
O inquérito policial indica que o esquema seria voltado para a “lavagem” de cassiterita retirada ilegalmente das terras indígenas, no qual o minério seria declarado como originário de um garimpo regular no Rio Tapajós, em Itaituba/PA, e supostamente transportado para Roraima para tratamento. As investigações apontam que tal dinâmica ocorreria apenas no papel, já que o minério seria originário do próprio estado de Roraima. “Foram identificadas transações financeiras que relacionariam toda a cadeia produtiva do esquema, com a presença de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração e laranjas para encobrir movimentações fraudulentas”, afirmou a Polícia Federal. A Polícia Federal também informou que foram cumpridos dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão em Boa Vista, Mucajaí, São Paulo/SP, Santos/SP, Santarém/PA, Uberlândia/MG e Itapema/SC.
Também foi determinado o sequestro de mais de R$ 130 milhões dos suspeitos. A operação é um desdobramento de uma ação da PF deflagrada em janeiro de 2022, quando 30 toneladas de cassiterita extraídas da Terra Indígena Yanomami que se encontravam depositadas na sede de uma empresa investigada e estariam sendo preparadas para remessa ao exterior. Além de Alexandre Pires, a empresa de Matheus Possebon cuida da carreira de Ana Carolina, Daniel, Jota Quest, KLB, Luccas Neto, Seu Jorge, Raça Negra, Roupa Nova, entre outros. Em nota, a produtora afirmou que “desconhece qualquer atividade ilegal supostamente relacionada a colaboradores e parceiros da empresa” e manifestou soliedaridade à Alexandre Pires. O texto afirma que a companhia confia na ideonidade do artista e no esclarecimentos dos fatos.