Com o objetivo de oferecer tratamento e acompanhamento psicológico para dependentes químicos e seus familiares, além de ex-usuários, o Governo do Estado de São Paulo disponibiliza uma rede de serviços focado nesta população. A principal “porta de entrada” oferecida pela gestão estadual é o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas, na região central da capital paulista. A partir do Hub, aqueles que procuram por tratamento são direcionados para os serviços e abordagens adequados para cada caso. Além do Hub, serviços municipais como CAPS, CRAS, CREAS e Centros POP – e unidades de saúde no geral – também direcionam dependentes para os diferentes tipos de tratamento disponíveis. “O enfrentamento da dependência química é uma prioridade para o Governo de SP. Estamos entregando serviços inovadores para a população que englobam todas as etapas do tratamento, incluindo as famílias dos dependentes, para que as pessoas tenham de volta suas vidas e seus sonhos”, refletiu Gilberto Nascimento, secretário estadual de Desenvolvimento Social.
Casas de Passagem
Enquanto aguarda o referenciamento e o direcionamento para uma vaga em casas ou comunidades terapêuticas, onde são oferecidos tratamentos de médio e longo prazo, a pessoa pode ficar alojada em uma das quatro casas de passagem existentes na capital: são duas masculinas, uma feminina e outra para o público LGBTQIA+.
Comunidades Terapêuticas
O “próximo passo”, portanto, são as comunidades terapêuticas. Ao todo, são 39 instituições conveniadas pela Secretaria de Desenvolvimento Social espalhadas pelo Estado, além de outras 12 vinculadas à Secretaria da Saúde. O tempo de acolhimento nestes espaços pode variar entre 3 e 6 meses. Por ser um período relativamente curto, esses locais são direcionados para pessoas que ainda possuem vínculos familiares e que teriam maior probabilidade de usufruir de uma rede de apoio no pós-tratamento. Atualmente, são cerca de 1.500 vagas disponíveis neste serviço. A abordagem e o tempo de tratamento variam de acordo com a unidade e com o perfil do acolhido. Além disso, enquanto as comunidades da Saúde possuem profissionais médicos em seu corpo de profissionais, como psiquiatras, os equipamentos do Desenvolvimento Social priorizam o acompanhamento psicossocial.
Casas Terapêuticas
Como uma alternativa às comunidades terapêuticas e para reforçar a rede de apoio e tratamento contra a dependência química, o Governo de São Paulo inaugurou um novo serviço voltado à moradia, reinserção social e busca pela autonomia dos acolhidos, especialmente aqueles em situação de rua: as casas terapêuticas. A primeira unidade já está em funcionamento na Vila Mariana, na zona sul da capital. Na próxima semana, será inaugurada outra em São José do Rio Preto. A previsão é de que, até o final do ano, sejam oito casas espalhadas pelo Estado. O serviço, de metodologia inovadora, está estruturado em quatro fases distintas, ofertadas em um complexo que compreende três residências integradas. No local, a pessoa acolhida passa por atendimentos com psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, terapeutas ocupacionais, entre outros profissionais. Ao longo da permanência, são trabalhadas as habilidades sociais, um novo projeto de vida e o alcance da autonomia de renda e moradia. O período de intervenção pode durar entre 15 e 24 meses. Cada conjunto de casas tem capacidade para atender 45 pessoas.
“A gente entende que essas pessoas, por estarem há muitos anos em situação de rua, elas não se adaptam às formas tradicionais de intervenção. Então, foi desenvolvido uma metodologia onde a gente trata, ao mesmo tempo, a questão da dependência química, as vulnerabilidades associadas à dependência química e promove a saída delas da situação de rua”, explica a Coordenadora Estadual de políticas sobre drogas de São Paulo, Eliana Borges. A primeira etapa é chamada de “Acolher”. Nela, a equipe técnica realiza um estudo de caso de cada pessoa e a insere em serviços de saúde. Os acolhidos também reaprendem a cuidar de uma casa, cozinhar, limpar e cumprir com atividades domésticas básicas. Já na segunda casa, a fase do “Despertar”, a pessoa começa a construir um projeto de vida, com metas e objetivos. O acolhido também é inserido em serviços de cultura, esporte, lazer e educação. Na terceira casa, a fase do “Transformar”, o acolhido inicia o processo de autonomia por meio da reinserção no mercado de trabalho. Na última etapa, já na própria residência do acolhido, a equipe técnica continua acompanhando a pessoa por no mínimo seis meses, com o auxílio de psicólogos, assistentes sociais, para a prevenção de recaídas.
Repúblicas
Para aqueles que terminam o tratamento em casas ou comunidades terapêuticas, o governo do Estado ainda oferece moradia por meio das repúblicas. Ao todo, são 9 espaços desse tipo já em funcionamento, com 112 vagas: um em São Paulo, dois em São José dos Campos, dois em São José do Rio Preto, dois em Ribeirão Preto e dois em Campinas. Os acolhidos ficam, em média, seis meses nas repúblicas. Os locais destinam-se a quem terminou o acolhimento terapêutico, mas não tem moradia e condições de autossustento. Com isso, a pessoa somente deixa a unidade quando tiver condições de manter uma moradia.
Espaço Prevenir
Outra iniciativa inédita da gestão estadual é o Espaço Prevenir. O equipamento da Secretaria do Desenvolvimento Social é voltado para o atendimento e apoio a familiares de dependentes químicos e também para pessoas que já completaram o tratamento em comunidades ou casas terapêuticas. A primeira unidade foi inaugurada no final de junho em São José dos Campos. Até o final do ano, serão quatro unidades: os municípios de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Paulo também receberão o novo equipamento. O local dispõe de uma equipe multidisciplinar que prestará auxílio psicoemocional para a população. O foco é fortalecer os vínculos familiares e prevenir recaídas. As equipes são formadas por profissionais como assistentes sociais, educadores, psicólogos e pedagogos. Além das pessoas em recuperação, o espaço também é voltado para o atendimento de familiares de dependentes químicos. A casa é preparada para atender até 300 pessoas por mês. “É um local de portas abertas, as famílias podem vir procurar. Ele é voltado para quem está convivendo com pessoas com dependência química, que não sabe como lidar ou que tem uma relação de codependência, muitas vezes associada à violência e rompimento de vínculos. Aqui é um local onde essa pessoa vai ter acolhimento de uma equipe técnica e todo um trabalho de apoio à família”, explica Eliana Borges.
O local presta apoio, inclusive, para filhos de dependentes. “É importante romper um ciclo para que eles também não venham a se tornar dependentes químicos. Neste sentido, a gente também faz uma prevenção contra o uso de drogas”, afirma Eliana. O equipamento oferece dinâmicas psicossociais, terapias em grupos, consultas com psicólogos e atividades de cultura e lazer. Além disso, a equipe de profissionais dá orientações aos familiares sobre como agir em relação ao ente envolvido com as drogas e pode, inclusive, sugerir medidas como a internação. Os profissionais ainda ajudam os egressos a montar currículo e procurar emprego. Diferentemente de casas ou comunidades terapêuticas, o local não oferece abrigo para dormir ou morar. O funcionamento do Espaço Prevenir é de terça-feira a sábado, das 10h às 21h.