InícioEditorialExposição no MAM reúne obras de Krajcberg em suportes variados

Exposição no MAM reúne obras de Krajcberg em suportes variados

A Bahia vai ganhar, em breve, um espaço em Salvador para abrigar boa parte do acervo de Frans Krajcberg (1921-2017), artista plástico polonês que produziu muitas obras em solo baiano, onde viveu por mais de 40 anos, até sua morte. Quem antecipa a notícia é a diretora geral do Ipac – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia -, Luciana Mandelli.

Mas, enquanto o museu dedicado exclusivamente às criações de Krajcberg não chega, os soteropolitanos vão poder conhecer 13 obras do artista a partir desta sexta-feira (19), na exposição Entreatos II – Frans Krajcberg Novas Aquisições, no Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM. Segundo Luciana Mandelli, aquele é o local ideal para a mostra, já que as peças que serão expostas são de caráter modernista.

A chegada dessa exposição coincide com o início da 21ª Semana de Museus. Na verdade, nem se deve falar em coincidência, já que a produção de Krajcberg está diretamente ligada ao tema da Semana: Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar. Portanto, a escolha de homenageá-lo não foi à toa. O curador do MAM e da exposição, Daniel Rangel, justifica:

“Krajcberg foi provavelmente o artista pioneiro a tratar de sustentabilidade no meio das artes no Brasil, desde os anos 60/70, sobretudo nos anos 1970”.

Meio Ambiente
O curador ressalta que o polonês utilizava pigmentos naturais em suas obras e que, para Krajcberg, a questão ambiental era uma prioridade. “Faz parte do trabalho dele falar sobre o meio ambiente. Então, trazê-lo para a Semana dos Museus é trazer o tema da Semana para um ponto de reflexão sobre uma das temáticas mais importantes da atualidade, que é a preservação da natureza”, defende Daniel.

A mostra, segundo o curador, busca retratar a variedade da produção de Krajcberg: “A escolha das 13 peças privilegiou obras em diferentes suportes: foto, escultura de parede, pintura, instalação… Além disso, estão ali obras representativas da produção dele. Quem se deparar com elas vai reconhecer Krajcberg logo no primeiro olhar”. Há ainda outro fator importante nesta exposição: o MAM não tinha em seu acervo nenhuma obra do artista radicado na Bahia.

Krajcberg chegou ao Brasil aos 27 anos, depois de passar por Alemanha e União Soviética, além de ter vivido em seu próprio país, a Polônia. Passou algum tempo também em Ibiza e Paris. No entanto, para Daniel, a produção do artista foi influenciada pelo contexto brasileiro:

“Ele viveu no interior de Minas Gerais, de onde tirou os pigmentos [para as criações], viajou para a Amazônia  e viu muitas queimadas no Brasil. Acompanhou de perto a destruição da natureza aqui. E a produção dele foi impactada por essa realidade. Apesar de ter chegado no Brasil nos anos 1940, a produção dele reflete mais o contexto brasileiro que europeu. É um artista brasileiro em sua produção, apesar de europeu”.

Futuro do acervo
Embora o futuro das obras de Krajcberg ainda seja objeto de litígio na Justiça – num processo que envolve o Estado da Bahia e a Associação Amigos de Frans Krajcberg -, Luciana Mandelli alega que o acervo foi doado ao Estado pelo próprio artista em 2009. Ela informa que o IPAC abriu um inventário público para o cadastro e o registro de todo o Acervo Krajcberg.

De acordo com Luciana, foi criada uma bolha de descupinização para preservar as obras em madeira. A técnica aplicada dispensa o uso de produto químicos, que poderiam agredir as peças. Além disso, o Estado está desenvolvendo um material educativo sobre o artista, o que também faz parte do projeto de salvaguarda do acervo, que é de aproximadamente 500 peças.

Frans Krajcberg (foto: Manu Dias/GovBA)

Parte do acervo está sendo guardada e tratada no Museu do Recôncavo (Caboto, Candeias) devido ao grande espaço e maquinário especializado disponíveis. A diretora anuncia que além da conservação, institucionalização e criação de reserva técnica no Museu do Recôncavo, o IPAC fará a promoção dessas obras. “Estamos construindo parceria com o IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) para que algumas coleções do Acervo integrem exposições itinerantes nos museus federais para apresentar e disseminar a obra de Krajcberg em todo o Brasil”, finaliza Luciana.

Semana dos Museus
A Semana é uma temporada cultural coordenada pelo Ibram que acontece em território nacional todo ano em comemoração ao Dia Internacional dos Museus, 18 de maio. A 1ª Semana Nacional de Museus ocorreu em 2003, com 57 museus inscritos e 207 eventos. De acordo com o Ibram, 15 anos depois, já tinha a participação de 1.070 instituições e 3.079 eventos.

A temporada atual começou na terça, 15, e vai até domingo. Na Bahia, os museus do Ipac estão promovendo, no período, exposições, oficinas, palestras, visitas mediadas, contação de história e outras atividades relacionadas ao tema deste ano. Nesta quarta-feira (17), por exemplo, às 18h, no Museu de Arte da Bahia, o fotógrafo baiano Genilson Coutinho inaugura a exposição Até Quando?, um ensaio relacionado ao combate à LGBTfobia. Além do MAM e do MAB, as outras instituições ligadas ao Ipac aderiram à Semana, como o Museu UdoKnoff de Azulejaria e Cerâmica, o Centro Cultural Solar Ferrão e Museu Tempostal.

SERVIÇO
Exposição Entreatos II – Frans Krajcberg Novas Aquisições
Abertura: Sexta-feira (19), a partir de 19h
Local: Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), na Avenida Contorno
Visitação: Até domingo (21), das 10h às 18h. A partir de terça-feira (23), das 13h às 18h (terça a domingo).
Ingresso: Grátis
 

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