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Formalização leva os motoboys de volta aos restaurantes, diz iFood

Vice-presidente de finanças e estratégias da plataforma afirma que o governo precisa continuar debatendo o tema em 2024

Brasil conta com 386 mil entregadores de app, diz pesquisa; na imagem, uma moto de trabalhador do ramo Sérgio Lima/Poder360 – 22.mai.2020

Gabriel Benevides 23.dez.2023 (sábado) – 7h00

O vice-presidente de finanças e estratégias do iFood, Diego Barreto, se posiciona contra a regulamentação dos entregadores em moldes iguais aos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)–como defende o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao Poder Empreendedor, ele disse que os trabalhadores voltariam a atuar exclusivamente em restaurantes caso haja a formalização. 

Atualmente, existem os trabalhadores da plataforma (que entregam para diversos restaurantes com vínculo direto com o app). Os estabelecimentos também podem ter seus estabelecimentos próprios, mas que não têm vínculo direto com a plataforma. 

O iFood defende uma espécie de meio-termo entre as propostas. Segundo Diego, a empresa tem condições de oferecer alguns benefícios e auxílios para os trabalhadores, mas não podem ofertar a previdência por uma questão legal. “Não pode, por lei, no Brasil, depositar dinheiro em nome de terceiro para fins previdenciários”, declarou. 

A solução, na visão do executivo, seria permitir o pagamento da aposentadoria por parte da empresa. “O iFood apoia a criação de um sistema Previdenciário com uma empresa contribuindo”, disse. 

Assista (14min47s): 

O presidente Lula criou em maio de 2023 um grupo de trabalho para debater a formalização. O iFood participou das discussões. Diego falou que não houve consenso sobre uma medida pública para o tema. 

“Participamos de todas as reuniões [do grupo de trabalho]. Provemos todos os dados. Temos as nossas opiniões. Negociamos e flexibilizamos algumas delas, mas ainda não se chegou a um consenso”, falou. O comitê pode se estender para 2024, mas isso depende do governo federal. Diego defende que as discussões devem ser retomadas. 

A sugestão inicial dos integrantes é o pagamento de R$ 30 por hora trabalhada para os motoristas das plataformas. O acordo ainda estabelece uma alíquota de contribuição para a Previdência Social da ordem de 20% para empresas e de 7,5% para os motoristas. 

No caso dos colaboradores, o valor vai ser cobrado sobre 25% dos ganhos. Os números foram enviados ao Poder360 pela Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia). 

Segundo o iFood divulgou em julho, o salário médio do entregador é de R$ 23 por hora. Os números variam para quem trabalha: 

20 horas por semana com 30% de ociosidade – R$ 807; 20 horas por semana sem ociosidade – R$ 1.335; 40 horas por semana com 30% de ociosidade – R$ 1.980; 40 horas por semana sem ociosidade – R$ 3.039. Segundo o executivo, 65% dos entregadores são do próprio restaurante.

Durante sua campanha eleitoral de 2022 e ao longo do seu mandato em 2023, Lula criticou os moldes atuais para os trabalhadores por aplicativo diversas vezes. No geral, diz que os trabalhadores atuam em condições precárias.

O objetivo da gestão do petista é colocar o tema em discussão no Congresso a partir das ponderações do grupo de trabalho. 

Leia mais declarações do governo: 

Trabalho em app tem que ser decente mesmo sem ser CLT, diz Lula Plataformas não podem abolir direitos trabalhistas, diz Lula Só está faltando chicotear, diz Marinho sobre terceirização VENDAS, MARKETING E PANDEMIA Questionado sobre o que esperar do iFood em 2024, Diego respondeu que a marca vai fechar uma parceria com “aquele que é considerado o maior evento da televisão brasileira”. Ele disse que, por questões contratuais, não poderia dizer qual o nome do programa. Os projetos também devem incluir eventos de música e cultura no geral. 

A marca também firmou um acordo com a atriz e apresentadora Tata Werneck para uma série de propagandas que começaram a ir ao ar em dezembro de 2023. O executivo define a artista da seguinte forma: “Uma pessoa que representa de uma grande medida da nossa forma de ser energética, jovem”.

Assista à entrevista (XXminYYs):

(vídeo)

Sobre a pandemia, Diego falou que o isolamento social acelerou um pouco a familiaridade das pessoas com a plataforma de delivery. 

​​ “As pessoas tiveram que usar o serviço em decorrência das questões de distanciamento social e isso sem dúvida alguma acelerou o hábito, acelerou as pessoas alterarem o seu comportamento. Mas não é um fator crucial que nos coloca hoje onde a gente está.”

O iFood realiza cerca de 80 milhões de pedidos por mês e conta com 50 milhões de clientes. Diego avalia haver espaço para expansão da marca. Uma das estratégias para aumentar o número de usuários é oferecer cupons de desconto, que em 2024 deverão ter mais presenças em vendas de supermercados. 

PERFIL DO TRABALHADOR O Brasil tem 1,6 milhão de trabalhadores por aplicativo, divididos entre entregadores de plataformas de delivery (386 mil) e motoristas de apps de caronas (1,27 milhão). Os números são de uma pesquisa realizada pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) divulgada em abril.

O levantamento estimou que a maioria (97%) dos trabalhadores são homens. Somente 3%, mulheres. Eis a íntegra do estudo (6 MB). 

O Cebrap analisou o perfil dos entregadores e motoristas em questões relacionadas à raça e escolaridade, por exemplo. Eis como ficou a estratificação para cada um dos setores: 

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