Acusado de estuprar a atriz argentina Thelma Fardín, quando ela tinha 16 anos, durante a gravação de uma novela argentina filmada na Nicarágua, em 2009, o ator argentino-brasileiro Juan Darthés será interrogado pela Justiça Federal, em São Paulo, no próximo dia 20. O galã, que está inscrito na lista de difusão vermelha da Interpol, não pode deixar o Brasil, sob o risco de ser preso.
O ator, brasileiro nato, contratou o escritório do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para tentar reverter as últimas decisões. Kakay defendeu o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, o banqueiro Salvatore Cacciola, a atriz Carolina Dieckmann e o publicitário Duda Mendonça, fora os vários políticos, muitos atolados em denúncias de corrupção.
A defesa de Darthés tenta, nos últimos três anos, protelar o julgamento com objetivo de provocar a prescrição do crime. Fardín acusa Darthés de tê-la violentado na noite da última turnê de Patito Feo, em seu quarto de hotel em Manágua, capital da Nicarágua. O caso foi revelado pela atriz em 2018, como parte do movimento #MeToo na Argentina.
A atriz resolveu quebrar o silêncio após ver outra artista argentina, Calu Riveiro, ir a público denunciar Darthés por abuso sexual durante a gravação de uma novela chamada Dulce Amor, de muito sucesso na Argentina. “Quando isso ocorreu, Thelma estava no México gravando e imediatamente tomou coragem para denunciá-lo. Ela voltou para a Argentina e fez a denúncia. Depois dela, outras duas também o denunciaram pelo mesmo crime”, explicou a advogada Carla Junqueira, que defende a atriz .
Veja imagens do ator Juan Dathés e da vítima, a atriz Thelma Fardín:
Busca por Justiça Em fevereiro deste ano, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, em São Paulo, decidiu encaminhar o processo contra o ator argentino. O Ministério Público Federal de São Paulo denunciou Darthés pelo crime de estupro em abril de 2021, afirmando que “o Brasil possui jurisdição para o processamento e julgamento dos fatos descritos na denúncia, imputados a brasileiro nato e consumados na Nicarágua”.
Antes disso, em 2018, a atriz lutou muito para se fazer ouvir e dar voz à denúncia. “Ela foi até a Nicarágua. Ela fez a denúncia penal e ele foi intimado a comparecer. Darthés não foi. O país formalizou um pedido de prisão preventiva para que ele respondesse ao crime. Ele estava na Argentina, que preparava sua extradição para a Nicarágua quando o ator resolveu fugir para o Brasil e se proteger na jurisdição brasileira, já que nosso país não extradita brasileiros natos”, analisou a advogada Carla Junqueira.
Para não ser sentenciado e tentar que o caso seja prescrito sem que cumpra pena, a defesa do ator tenta, desde o início, argumentar pela incompetência da Justiça Federal, alegando que se trata de um caso de Justiça comum. “Nós entendemos que é um caso de direito internacional penal; portanto, o Estado tem um dever de resposta a outros países, e é interesse da Justiça Federal. Esse é o mesmo entendimento do STF”, ressaltou a advogada.
O outro lado A coluna procurou Kakay, que foi contratado para fazer a defesa do ator. O advogado afirmou que estava fora do país, mas estava se informando dos detalhes do caso para emitir uma manifestação.
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