Processador quântico desenvolvido pela empresa teria resolvido, em três minutos e 20 segundos, um problema que um computador tradicional levaria 10 mil anos para resolver
De acordo com um artigo publicado no jornal Financial Times, engenheiros do Google atingiram a chamada “supremacia quântica”, momento em que é provado que um computador quântico consegue resolver problemas que um computador “clássico”, como os sistemas atuais, é incapaz de resolver.
De acordo com o texto, um processador quântico batizado de “Sycamore” conseguiu, em três minutos e 20 segundos, provar que um gerador de números aleatórios era realmente aleatório. Uma tarefa que mesmo o supercomputador mais poderoso da atualidade, chamado Summit, levaria 10 mil anos para resolver.
Segundo os autores, “esta aceleração dramática em relação a todos os algoritmos clássicos conhecidos provê uma realização experimental da supremacia quântica em uma tarefa computacional, e marca o advento de um paradigma de computação a muito antecipado […] Em nosso conhecimento, este experimento marca a primeira tarefa de computação que só pode ser realizada em um processador quântico”.
Em um computador tradicional, um “bit” pode representar apenas um estado de informação por vez, “zero” ou “um”. Mas um bit quântico, ou qubit, pode representar ambos ao mesmo tempo. Combinando qubits a quantidade de informação que pode ser representada cresce exponencialmente.
O Sycamore foi originalmente projetado com 72 qubits, mas devido a instabilidade e dificuldade em controlar os elementos, foi eventualmente redesenhado para operar com 53 qubits, o que o torna um dos computadores quânticos mais poderosos no planeta. Nesta semana a IBM também anunciou um sistema quântico com 53 qubits.
Embora os resultados obtidos pelo Google possam representar um marco na ciência da computação, críticos afirmam que a alegação de “supremacia quântica” é exagerada. Isso porque a máquina do Google foi configurada para resolver um problema altamente específico, e não é capaz de executar tarefas generalizadas, como um computador comum.
Em declaração ao Financial Times Dario Gil, chefe de pesquisas da IBM, disse que a afirmação do Google é “indefensável” e “simplesmente errada”. O feito, embora tenha seus méritos, seria “apenas um experimento de laboratório para implementar essencialmente – e quase certamente exclusivamente – procedimento de amostragem quântico muito específico, e sem aplicações práticas”.
Ainda não se sabe porque o artigo do Google foi removido do site da Nasa. Procurada pelo Financial Times, a empresa não comentou o assunto.
Fonte | Financial Times