O julgamento da ação movida por cerca de 620 mil atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana, Minas Gerais, teve início ontem em Londres. A ação é contra a mineradora anglo-australiana BHP, que, junto com a Vale, controlava a barragem de Fundão. No primeiro dia de audiências, um representante das vítimas alegou que a BHP estava ciente do volume de rejeitos acima do limite despejado na barragem e que houve conivência em relação aos riscos. A tragédia, ocorrida em novembro de 2015, resultou na morte de 19 pessoas e causou danos ambientais significativos, com a lama tóxica percorrendo 650 km, contaminando o Rio Doce e atingindo o Atlântico. O julgamento representa uma esperança para os atingidos, que buscam indenizações de até R$ 267 bilhões.
Do lado de fora do tribunal, líderes de grupos indígenas e parentes das vítimas se manifestaram por justiça. Ana Paula Alexandre, que perdeu o marido Ednaldo, criticou as tentativas de acordo feitas no Brasil, afirmando que a vida de seu marido não tem preço. Geovana Rodrigues, que perdeu o filho Thiago, de apenas 7 anos, expressou a dor contínua pela perda e a determinação em lutar por justiça. A ação coletiva é a maior já apresentada na história da Justiça britânica. A BHP, que na época da tragédia tinha sedes em Londres e na Austrália, afirmou que não há lei que imponha obrigações de segurança à matriz e que não estava ciente dos problemas na barragem. A expectativa é que o julgamento dure três meses.
Publicado por Luisa Cardoso