O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou, nesta segunda-feira (12/8), a morte do economista Antônio Delfim Netto, aos 96 anos.
Na nota de pesar, o chefe do Executivo disse ter feito críticas a Delfim Netto “durante 30 anos”, mas “na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”.
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Delfim Netto em reunião com equipe econômica
Arquivo Nacional
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Delfim Netto, responsável pelo “Milagre Econômico” no país
Antonio Andrade/Keystone/Hulton Archive/Getty Images
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Delfim Netto, ex-ministro e deputado federal
Valter Campanato/Agência Brasil
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Delfim Netto
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Delfim Netto votou pelo AI-5
Reprodução/YouTube
“Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, afirmou o presidente.
“Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos”, completou.
Aproximação de Lula e Netto Os dois se aproximaram depois que Lula se tornou presidente pela primeira vez.
“Lula salvou o capitalismo brasileiro”, disse Netto uma vez, durante a crise econômica mundial de 2008. Também defendeu o petista durante a Lava Jato. “O Lula tem sido objeto de uma perseguição ridícula. O governo dele foi bastante bom”, elogiou o economia.
Por outro lado, Delfim Netto não era fã do ex-presidente Jair Bolsonaro e nem da política econômica dele. Em entrevista sobre os mil dias de governo dele, afirmou que a gestão estava sendo uma “tragédia”. “Mil dias de confusão, de preconceito, ideias equivocadas. Infelizmente, estamos em pleno subdesenvolvimento acelerado”.
Ditadura Netto foi ministro da Fazenda entre os anos de 1967 e 1974. Depois, atuou como titular do Planejamento entre 1979 e 1985 e, então, se tornou ministro da Agricultura. Ele também serviu como embaixador do país na França de 1975 a 1977.
Além de ter atuado em governos da ditadura, Netto votou a favor do Ato Institucional número 5 (AI-5), que endureceu o regime no Brasil.
Em seu endosso do AI-5, ele afirmou que deveria ser concedida ao presidente “a possibilidade de realizar certas mudanças constitucionais, absolutamente necessárias para que este País possa realizar o seu desenvolvimento com maior rapidez”.
Em 2013, mais de 40 anos depois, o economista disse que repetiria o voto favorável ao AI-5, em sessão da Comissão da Verdade: “Eu não só assinei o Ato Institucional número 5 como assinei a Constituição de 1988, (mas) nunca apoiei a repressão”.