Xangai – A sequência de compromissos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na China incluirá um banquete oferecido pelo presidente Xi Jinping no Grande Salão do Povo, o epicentro do poder chinês, e encontros com executivos de gigantes chinesas dos quais devem sair anúncios oficiais de investimentos no Brasil.
Um desses anúncios será feito pela companhia de energia State Grid, cujo CEO terá uma reunião privada com Lula no hotel onde o presidente se hospedará em Pequim.
Lula desembarca em Xangai no fim da noite desta quarta-feira (12/4 – fim da manhã no horário brasileiro). No hotel em que ele ficará, na principal região turística da cidade, toda a estrutura está preparada para recebê-lo. Detectores de metais foram instalados nas entradas e a polícia chinesa tem redobrado os cuidados com a segurança em todo o entorno do prédio.
Na manhã desta quinta (13/4), ele participará da solenidade de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos Brics, criado pelo bloco de países emergentes que o Brasil integra junto com Rússia, Índia, China e África do Sul.
Acompanha Lula na viagem à China uma comitiva formada por 19 deputados, sete senadores, cinco governadores e sete ministros – entre eles o da Fazenda, Fernando Haddad, e a do Meio Ambiente, Marina Silva. Para a viagem a partir do Brasil, o grupo foi dividido em dois aviões da frota presidencial.
Uma parte menor viajou com o presidente no Airbus comprado por ele em sua primeira passagem pelo Planalto – a aeronave é menor, tem menos autonomia, mas internamente tem configuração bem mais confortável para viagens longas e é preferida do presidente. A maioria foi acomodada em um segundo avião, que segue o principal.
Grupo restritíssimoA comitiva deve acompanhar Lula em apenas uma parte da programação. Nos encontros oficiais com as autoridades chinesas, por exemplo, apenas um restritíssimo grupo de pessoas poderá ir junto – é o caso da reunião com Xi Jinping, na sexta, em Pequim.
No Banco dos Brics, a turma toda estará presente. Após a solenidade, Lula terá encontros reservados com dirigentes da instituição e, em seguida, ele e a comitiva participam de um almoço com Dilma. Ainda no banco, há previsão de Lula e a ex-presidente darem uma entrevista coletiva.
À tarde, o presidente visitará a gigante de tecnologia chinesa Huawei. Será recebido pelo CEO da companhia, Hua Liang. Executivos do braço da empresa que atua no Brasil estão na China para participar do compromisso.
Durante a visita, a Huawei apresentará ao presidente soluções tecnológicas que desenvolve em diversas áreas, entre elas as de saúde, segurança e telecomunicações – integram a lista inovações relacionadas à internet 5G e 6G.
A empresa chinesa é motivo constante de estresses entre Pequim e Washington. Os Estados Unidos a baniram do país acusando-a de atuar a serviço dos interesses do governo chinês, fazendo espionagem eletrônica.
Ainda em Xangai, Lula se reunirá no hotel com os presidentes das companhias chinesas CCCC, do ramo de comunicações, e BYD, fabricante de carros elétricos que o governo brasileiro quer que assuma a fábrica que a Ford fechou na Bahia.
Também na quinta, o presidente dará uma entrevista exclusiva para o canal de notícias CGTN, do governo chinês. A entrevista ao jornalista Wang Guang, apresentador do programa Leaders Talk, será gravada e nem o governo brasileiro sabe ainda quando irá ao ar.
A agenda em Xangai será encerrada com um encontro seguido de jantar com o secretário-geral do Partido Comunista Chinês na cidade, Chen Jining.
Em PequimNo fim do dia, Lula partirá para Pequim, onde na sexta começa o dia recebendo mais um empresário, o CEO da State Grid, que na ocasião deve anunciar investimentos vultosos no Brasil, de acordo com o Palácio do Planalto. A empresa atua no ramo de energia.
Ainda pela manhã, Lula se encontrará no Grande Palácio do Povo com o líder do congresso chinês, Zhao Leji. Depois, na Praça da Paz Celestial, depositará flores no túmulo dos Heróis do Povo, um monumento a personalidades da revolução comunista chinesa.
À tarde, ele retorna ao Palácio do Povo para uma reunião com o primeiro-ministro, Liang Qing. Depois tem o esperado encontro com o presidente Xi Jinping, que está marcado para as 16h45, logo após uma cerimônia de recepção na frente do complexo, diante das câmeras – o encontro em sim, terá só a parte inicial aberta para registro, ainda assim por uma grupo restrito de profissionais de imagem. O encontro entre os presidentes será encerrado com um banquete oferecido por Xi Jinping, ainda no fim da tarde – os chineses têm o hábito de jantar cedo. Não haverá declaração conjunta.
À noite, Lula deve dar uma entrevista coletiva na embaixada do Brasil em Pequim e, depois, participará de uma recepção oferecida pelo embaixador Marcos Galvão. O retorno ao Brasil está programado para as 9 horas da manhã de sábado, no horário da China.