InícioMilton Nascimento: "Tudo o que faço é pensando em Elis"

Milton Nascimento: “Tudo o que faço é pensando em Elis”

Depois de 60 anos de carreira, 80 anos de vida (que serão completados em outubro), mais de 40 álbuns gravados e cinco prêmios Grammy, Milton Nascimento anunciou sua despedida dos palcos. E os baianos vão poder participar deste adeus no dia 9 de setembro, na Concha Acústica. 

Ainda há ingressos à venda, para a arquibancada por R$ 600 (inteira) e para o camarote, por R$ 700 (inteira). A apresentação terá um show de abertura do carioca Zé Ibarra, que integra a banda de Milton no vocal e violão. E a cantora Simone fará uma participação no show de Bituca.

A turnê, chamada A Última Sessão de Música, teve início em junho, no Rio de Janeiro. Depois passou pela Europa, em países como Espanha, Itália e Reino Unido. Uma informação surpreendente: o portal Poder 360 fez uma pesquisa e levantou que, em Turim, na Itália, havia ingressos mais baratos que no Brasil, a partir de 15 euros (R$ 77). O mais caro, em Portugal, custava em torno de R$ 400.

O repertório de A Última Sessão de Música inclui composições de diversas fases de Milton. Na lista, está Canção do Sal, que, se não foi um de seus maiores sucessos, foi um marco importantíssimo: foi a primeira música dele gravada por Elis Regina, a quem o cantor atribui papel fundamental em sua carreira: “Todo mundo sabe que Elis Regina foi o grande amor da minha vida (…). Tudo o que faço é pensando em Elis”, revela o artista, nesta entrevista ao CORREIO.

Mas o público vai ouvir também clássicos como Fé Cega Faca Amolada, Canção da América e Travessia. Essa última, uma das mais marcantes e populares de Milton, tem sido apresentada no fechamento do show. “Minha vida mudou pra sempre depois que eu cantei Travessia aquela noite no Maracanãzinho”, diz, referindo ao Festival Internacional da Canção, de 1967.

Mas os fãs podem ficar tranquilos, porque Milton promete que não vai parar de cantar nem compor, já que despedida é apenas dos shows. Tanto que, recentemente, compôs três melodias. Uma delas, Sorte no Amor, ganhou letra de Ronaldo Bastos. E o empresário dele, Augusto, que é também seu filho, avisa que pode sair, em breve, um álbum de inéditas.

A Última Sessão de Música é nome da turnê e de uma canção gravada por você. É uma referência ao fime Última Sessão de Cinema? O cinema é uma arte que lhe desperta interesse especial?
Essa música foi inspirada num filme de 1971 do diretor Peter Bogdanovich, chamado The Last Picture Show, mas que no Brasil recebeu o nome de A Última Sessão de Cinema. E, pouco tempo depois de ver esse filme, eu fiz A Última Sessão de Música, tema instrumental que acabou entrando no disco Milagre dos Peixes (1973). Até que, pouco tempo atrás, meu filho, Augusto (que também dirige o show), teve a ideia de batizar essa turnê de despedida com esse mesmo nome. Quem assistir ao filme, e depois ouvir a música, vai conseguir entender melhor a relação entre elas. Mas, o filme da minha vida se chama Jules et Jim (1962), do Truffaut. Foi por causa dele que Marcio Borges e eu começamos a compor.

Como amadureceu a ideia de deixar os palcos? Pretende ainda lançar álbuns e compor?
Comecei como crooner aos 13 anos de idade e não parei mais. Já são mais de 60 anos viajando pra cantar em tudo quanto é lugar, então, acho que chegou a hora. A decisão de parar com os shows é uma coisa que meu filho Augusto e eu já estávamos amadurecendo já tem um tempo.

“Mas repito, me despeço dos palcos, não da música”

Sua carreira é marcada por importantes parcerias. Quais foram as mais marcantes e qual artista com quem você gostaria de ter trabalhado, mas não foi possível?
Posso dizer que sou muito feliz de ter tido a sorte de cantar (e também de compor) ao lado de grandes ídolos e amigos pessoais, como Chico Buarque, Tom Jobim, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Gal Costa, Mercedes Sosa, Pat Metheny, Peter Gabriel, James Taylor, Cat Stevens, Joe Anderson, Paul Simon, Duran Duran, Bjork e Esperanza Spalding. Sendo assim, acho que consegui realizar até muito mais daquilo que eu tinha sonhado. Como, por exemplo, outra parceria que marcou muito minha carreira foi quando Wayne Shorter me convidou para gravar com ele, nos Estados Unidos, o disco Native Dancer. Com isso, as portas do mundo se abriram. Através desse disco com Wayne, minhas músicas chegaram até Stan Getz, George Duke, e Sarah Vaughan.

O disco Clube da Esquina foi lançado há 50 anos e até hoje é admirado por diversas gerações e sempre aparece bem posicionado em rankings dos melhores discos brasileiros – há pouco, o podcast Discoteca Básica o considerou o melhor. O que há de tão “mágico” neste álbum e qual a importância dele para você?
O amor, a amizade, a música, e as artes de forma em geral, tudo isso é essencial pra nossa vida.E o Clube da Esquina é um disco de amizade, é um disco feito entre grandes amigos. Se não fosse por isso, não teríamos feito nada. Pra mim, se não tem amizade, não tem jeito.

Travessia tem aparecido como a última música de seus shows desta turnê. Qual o significado dela para sua carreira e por que a escolha dela para encerrar a apresentação?

Além de ter sido a primeira música que fiz em parceria com Fernando Brant,  um fato marcante pra mim em começo de carreira foi quando Agostinho dos Santos me inscreveu para o Festival Internacional da Canção de 1967, no Rio. Ele fez tudo isso sem eu saber de absolutamente nada e, quando eu vi, tinha classificado três músicas: Travessia, Maria Minha Fé e Morro Velho.

“Não ganhei o festival, mas minha vida mudou pra sempre depois que eu cantei Travessia aquela noite no Maracanãzinho. Foi como se fosse um outro começo”

Elis Regina foi uma de suas intérpretes mais frequentes. Como se deu a aproximação entre vocês e qual a importância dela para sua carreira? 

Todo mundo sabe que Elis Regina foi o grande amor da minha vida. E todas as músicas que eu fiz na vida depois que eu a conheci (primeiro na casa da cantora Luiza, no Rio, em 1962. E depois, através de Gilberto Gil, em São Paulo, em 1965) foram feitas pensando na voz dela. E até hoje é assim.

“Tudo que eu faço é pensando em Elis”

Ouça as músicas do show

Venda de Ingressos:
-No site www.ticket360.com.br/miltonnascimento 
-Loja Homem do Sapato – Salvador Shopping 
Plateia Meia-entrada: R$300
Plateia Inteira: R$600
Camarote Meia-entrada: R$350
Camarote Inteira: R$700
Classificação: 16 anos – Menores de 16 anos somente acompanhados dos pais ou responsável legal.

Zé Ibarra abre o show de Milton e toca violão na banda que acompanha o cantor (Foto: Lorena Dini)

Zé Ibarra abre show na Concha e Simone faz participação especial

Quem chegar antes do início da apresentação de Milton à Concha Acústica, no próximo dia 9, poderá conhecer, às 18h30, num pocket show, o talento do carioca Zé Ibarra, de 25 anos, que ganhou elogios de veteranos da MPB, como Gal Gosta e Ney Matogrosso. O próprio Milton, em entrevista recente ao jornal O Globo, foi categórico ao falar sobre o talento do jovem: “A capacidade dele para tocar e cantar é uma coisa absurda. Vai fazer muita coisa linda na música”. 

A aproximação entre os dois aconteceu em 2019, quando Ibarra passou a integrar a banda da turnê Clube da Esquina. Agora, Ibarra toca violão e faz do parte do vocal do novo show de Milton. Ney Matogrosso, que gravou com o rapaz a canção Ela e Eu durante um programa de TV, também o elogiou: “Terá uma longa carreira. Toca, canta e compõe muito bem. É muito talentoso mesmo”. E Gal Costa, em seu álbum mais recente, o chamou para cantar com ela a música Meu Bem Meu Mal.

Ibarra diz que já tem nove canções compostas para seu primeiro álbum solo, que deve ser lançado em breve. Por enquanto, ele se dedica a duas bandas: Dônica e Bala Desejo. A primeira foi criada em 2014 e surgiu influenciada pelo rock progressivo e pelo Clube da Esquina. Entre os integrantes, está Tom Veloso, filho de Caetano. Tem um álbum lançado em 2015 e três singles. A segunda banda foi formada durante participações nas lives de Teresa Cristina na pandemia e também traz ares dos anos 1970, além de um clima carnavalesco.

Ibarra, em suas redes sociais, falou emocionado sobre a participação no show de despedida de Milton: “Depois de tudo o que esse cara construiu, depois de todos os presentes que ele nos deu durante essa trajetória irretocável de música e sonho, é hora de celebração total e absoluta. (…) Para mim, que fui quase que divinamente agraciado com a missão de estar junto dele nesse momento, cantando em seu show e abrindo o espetáculo com meu show, sozinho, é da mais impensável alegria e gratidão”. 

Em Salvador, o show terá uma atração especial: a cantora Simone fará uma participação, cantando com Milton. “Ter uma amiga como Simone dividindo o palco em dois lugares tão importantes pra mim vai ser um momento incrível. Além dela ter sido uma das principais intérpretes das minhas músicas, Simone tem uma musicalidade única. E é com certeza das grandes cantoras do mundo. Será um privilégio gigante ter ela comigo nesses shows”. A cantora baiana também o acompanhará no show em Recife, no dia 11.

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