O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou na tarde desta quarta-feira, 3, o sigilo dos documentos que envolvem a Operação Venire, da Polícia Federal, que teve como um dos alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por supostas irregularidades envolvendo dados vacinais. Em despacho que autorizou a prisão de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o ministro da Suprema Corte cita a existência de uma associação criminosa voltada para a prática de fraudes envolvendo a inserção de dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde. “A Polícia Federal aponta a existência de uma associação criminosa com vários beneficiários, entre eles uma parlamentar federal, para a inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, possibilitando aos investigados a obtenção dos benefícios do certificado de vacinação sem que, necessariamente, tenham se vacinado”, disse o ministro.
No total, seis pessoas estariam envolvidas no esquemas. São elas: o coronel Mauro Cesar Barbosa Cid; sargento Luis Marcos dos Reis; ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros; secretário municipal João Carlos de Sousa Brecha; Max Guilherme Machado de Moura, que teria utilizado o documento falso em três ocasiões; e Sergio Rocha Cordeiro, que também teria se beneficiado da fraude em cinco momentos distintos. Segundo Alexandre de Moraes, há “fortes indícios” de materialidade e autoria de seis crimes pelos investigados: associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso, inserção de dados falsos em sistema de informações, corrupção de menores e infração de medida sanitária preventiva. O ministro determina busca e apreensão de armas, munições, computadores, celulares, passaporte e de outros dispositivos eletrônicos dos seis suspeitos de associação e de outros possíveis beneficiados pelo esquema, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Gutemberg Reis de Oliveira.
Como a Jovem Pan mostrou, a Polícia Federal (PF) investiga se o cartão de vacinação de Bolsonaro e da sua filha mais nova, a Laura, teriam sido fraudados através da inserção de dados falsos em sistemas do Ministério da Saúde. Com a inserção das informações, os beneficiados eram capazes de burlar restrições sanitárias, como entrar em países onde a imunização contra a Covid-19 era obrigatória. Segundo a repórter Katiuscia Sotomayor, da Jovem Pan News, a PF apurou que dentre os certificados que foram alterados pelo grupo criminoso estariam o do ex-presidente e da sua filha, o que o Bolsonaro nega. “Não tomei vacina. Não existe adulteração da minha parte, não tomei a vacina”, afirmou. Além do político e da filha, os certificados de Mauro Cid e de sua família também teriam sido alterados. Durante a operação, Cid foi preso pelos agentes da PF, assim como outros ex-seguranças próximos a Bolsonaro.