O atacante brasileiro Neymar será julgado no Tribunal Provincial de Barcelona em outubro, com os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu, por irregularidades na transferência do jogador, do Santos para o clube catalão, em 2013.
O julgamento será de 17 a 31 de outubro, informaram fontes judiciais nesta quarta-feira (27). Os três serão julgados por suposto crime de corrupção entre particulares e fraude. Os dois ex-presidentes do Barça também responderão por um crime de fraude.
De acordo com a ordem judicial que declarou a abertura do julgamento oral, também são esperados no tribunal um representante do Santos e o ex-presidente do clube Odilio Rodrigues Filho.
Transferência para o Barcelona
O julgamento decorre de denúncia do grupo brasileiro DIS, ex-proprietário de parte dos direitos do jogador e acusação particular neste caso, que se considera prejudicado na transferência do atual atacante do PSG para o Barcelona.
Inicialmente, o Barcelona estimou oficialmente a transferência de Neymar em 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família de Neymar e 17,1 milhões para o Santos), mas a Justiça espanhola calcula que tenham sido pelo menos 83,3 milhões de euros.
A DIS, que recebeu 6,8 milhões de euros dos 17,1 pagos ao Santos, acusa Barça e Neymar de terem se unido para esconder o valor real da transação.
A empresa brasileira foi duplamente afetada: por não ter recebido sua parte do custo real da transferência e por um contrato de exclusividade entre o Barça e o Neymar assinado em 2011, que impedia outros clubes de negociarem com o atacante.
Barcelona e Neymar concluíram dois acordos em 2011 entre eles, por 40 milhões de euros. Neles, o jogador se comprometeu a assinar com o clube catalão quando estivesse perto do término de seu vínculo com o Peixe – o que, segundo a Justiça espanhola, poderia ter violado as regras do livre-mercado.
Além disso, o acordo de transferência do jogador em 2013 teria ocultado o valor real pago aos santistas.
Pedido de prisão e outros processos
A Promotoria pede sentença de dois anos de prisão e 10 milhões de euros de multa para Neymar. Em sua declaração perante o juiz, o atual atacante do PSG e da Seleção Brasileira alegou que apenas jogava futebol e confiava cegamente em seu pai, que é seu agente.
O julgamento, que ocorrerá apenas um mês antes da Copa do Mundo do Catar’2022, é conhecido como “Neymar 2”, já que “Neymar 1” por fraude fiscal na contratação do jogador foi encerrado com acordo entre o Barcelona e a Promotoria.
Em 2016, o Barcelona concordou em pagar multa de 5,5 milhões de euros para evitar o julgamento.
“Tivemos que concordar em pagar uma multa de 5,5 milhões de euros por um erro de planejamento tributário na contratação do jogador Neymar em 2011 e 2013”, explicou o então presidente Josep Maria Bartomeu.
Barça e Neymar também entraram em confronto no tribunal em 2020, quando a Justiça espanhola rejeitou a demanda do jogador por 43,6 milhões de euros em um prêmio de renovação antes de sua saída abrupta para o PSG, por 222 milhões de euros.
Um Tribunal Social de Barcelona também condenou o jogador a pagar 6,79 milhões de euros por “quebra de contrato”.
Clube e o jogador acabaram chegando a acordo “de forma amigável” para encerrar todos os processos judiciais que estavam pendentes entre os dois.