A primeira mulher a presidir a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), Mariana Lisbôa, tomou posse, na tarde desta terça-feira (23), em uma cerimônia realizada na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). A presidente é líder global de Relações Corporativas da Suzano S.A. e possui trajetória na área ambiental. Durante o evento, a nova mesa diretora apresentou o Plano Bahia Florestal 2013-2033, iniciativa que vai guiar o biênio 2022-2024 da associação.
O Plano consiste em fomentar ao setor florestal no estado, aumentando a extensão das florestas plantadas, utilizadas na produção de celulose, madeira serrada e na construção civil, por exemplo. Ao mesmo tempo, a Abaf pretende fazer um esforço para manter a sustentabilidade, ao recuperar florestas naturais e estimular a biodiversidade.
“O setor florestal tem uma especial relevância no estado da Bahia. Temos mais de 600 mil hectares de florestas de eucalipto plantadas e mais de 300 mil hectares de áreas conservadas. Geramos mais de 20 mil empregos diretos e 80 mil indiretos no estado”, disse Mariana Lisbôa no evento que marcou sua posse.
A Bahia ocupa o 4º lugar no ranking nacional de cultivo de eucalipto, que é utilizado na indústria de celulose, produção de carvão vegetal e energia. As florestas deste tipo estão concentradas nas regiões nordeste, oeste e sul do estado. O diretor executivo da Abaf, Wilson Andrade, defendeu a importância social e ambiental da extração de madeira planejada.
“O setor planta 250 mil árvores na Bahia por dia, o que gera benefícios econômicos, sociais e ambientais. A capacidade de investimento do governo e das pessoas físicas, no Brasil e na Bahia, é muito baixa. Por isso, é preciso que a gente complemente e atraia recursos para o aproveitamento do potencial dessas matérias-primas”, ressaltou.
Além de Mariana Lisbôa, o Conselho Diretor da ABAF para o biênio 2022-2024 é composto por Altair Negrello Junior (Bracell), Sebastião da Cruz Andrade (Ferbasa), Márcio Penteado Geromini (Caravelas Florestal) e Renato Gomes Carneiro Filho (Veracel).
Também esteve presente no evento Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar do Mato Grosso do Sul, onde um Plano Florestal já foi implementado. Por lá, a medida aumentou a demanda de madeira para sua utilização em diversos setores.
A diretora do CORREIO, Renata Magalhães Correia, também celebrou a posse de Mariana Lisbôa e ressaltou a importância da sustentabilidade no Plano Bahia Florestal. “Acredito que planejar é vislumbrar o futuro, então fico muito feliz em estar aqui hoje acompanhando a apresentação deste plano. O desenvolvimento é necessário e urgente no nosso estado e ele deve ser sustentável. Só através do planejamento isso pode ser alcançado”, disse.
A reportagem fez algumas perguntas para Mariana Lisbôa logo após o evento de posse, confira a seguir:
Quais são suas expectativas para o biênio que se inicia hoje?
A Abaf já é uma instituição de 18 anos que vem fazendo um trabalho cada vez melhor para a Bahia e o que eu pretendo é dar continuidade a isso. Temos como novidade o Plano Bahia Florestal que é a construção de um diagnóstico mais profundo do setor florestal no estado e das possibilidades de crescimento da nossa cadeia de valor.
Cerca de 20% da produção baiana nesse segmento está concentrada na mão de pequenos e médios produtores. Qual a importância deles para o setor e como pretende fomentar este trabalho?
Os pequenos e médios produtores têm uma importância muito relevante. O que pretendemos é, a partir da construção do plano, fazer um diagnóstico adequado de quem eles são e construir possibilidades para agregar valor à essa produção, além de integrá-los na cadeia de valor das grandes indústrias.
O país se encontra em um momento em que não é bem visto mundo afora na questão ambiental. Como a Associação pode ajudar a restabelecer a confiança internacional neste sentido?
Há um equívoco em relação à imagem do Brasil no mundo lá fora. Nós somos, sem dúvida, muito melhores do que a percepção estrangeira neste momento. Temos leis ambientais mais restritivas do que outros países desenvolvidos. Mas, o que o setor florestal pretende fazer é mostrar seu trabalho e ampliar cada vez mais sua comunicação com outros parceiros, inclusive internacionais. Mais do que mudar a percepção do mundo lá fora, queremos trazer valor para o Brasil e para os brasileiros.
*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.