São Paulo — O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), anunciou que utilizará câmeras inteligentes recém-instaladas pela Prefeitura de São Paulo para rastrear todos os caminhões da Enel, que atuam nos serviços de manutenção da rede de distribuição de energia, afetada por uma pane desde a última sexta-feira (11/10).
Essas câmeras, equipadas com tecnologia de inteligência artificial, foram inicialmente apresentadas como uma medida de combate à criminalidade, mas agora serão usadas pelo prefeito para monitorar a empresa de energia, da qual Nunes afirmou querer retirar da cidade.
“Vou fazer. Se eles quiserem, que derrubem na Justiça”, disse Nunes.
O prefeito foi questionado sobre as implicações legais da medida, já que isso poderia significar que qualquer empresário em litígio com a Prefeitura estaria sujeito à mesma vigilância intensiva, sem controle externo.
“A questão da Enel é que estou vendo meu povo sofrer. É uma questão de necessidade”, declarou o prefeito.
Nunes afirmou ainda que vai “fazer justiça à cidade” com a adoção da medida.
Pelo plano anunciado por Nunes, câmeras do programa Smart Sampa serão instaladas nas entradas de cinco garagens da Enel. Nessas localidades, os veículos seriam monitorados.
O programa conta com 17 mil câmeras em operação, segundo a Prefeitura. Quando os caminhões passarem por qualquer um dos equipamentos, alertas serão enviados para a central da Prefeitura, localizada na Rua XV de Novembro. Assim, a Prefeitura saberá, em tempo real, quantos caminhões da empresa estão nas ruas, seus itinerários e a localização aproximada de todos eles.
“Eles falam uma quantidade de operadores, a gente sabe que não procede”, afirmou Nunes.
Desde sexta-feira, quando inicialmente 2,5 milhões de imóveis ficaram sem energia na região metropolitana após uma chuva, Nunes vem sendo atacado por Guilherme Boulos (PSol), seu adversário no segundo turno das eleições deste ano, que o acusa de ser responsável pelos apagões.
Em resposta, Nunes e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que apoia sua reeleição, estão adotando uma postura combativa contra a empresa. A concessão da distribuição de energia, detida pela Enel, é de responsabilidade do governo federal, e a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoia Boulos.
O programa Smart Sampa ficou paralisado por quase dois anos devido a ações da Defensoria Pública e do Ministério Público de São Paulo (MPSP). As possíveis violações de privacidade que poderiam surgir com a implementação de um sistema tão abrangente foram um dos temas questionados na época.
O Metrópoles procurou a Enel para comentar o assunto, mas não obteve resposta. O espaço permanece aberto para manifestações.