Há 65 anos, o então campeão da Fórmula 1 passou um dia sequestrado por revolucionários em Cuba. Aconteceu com Juan Manuel Fangio, em 23 de fevereiro de 1958. Ele já era pentacampeão mundial de F1 e estava no país para a segunda edição do Grande Prêmio de Cuba, na qual defenderia a vitória no ano anterior.
A edição de 1957 havia sido um sucesso. O então ditador cubano, Fulgencio Batista, pensou as corridas nas ruas de Havana como um chamariz em seu plano de tornar a cidade um destino turístico para norte-americanos.
“Se você se mexer, eu atiro”, avisou o sequestrador ao abordar Fangio no saguão do luxuoso Hotel Lincoln, na noite anterior à corrida. “Você precisa vir comigo. Sou do Movimento 26 de Julho”, avisou com uma arma na mão.
O piloto acatou e acompanhou o partidário de Fidel Castro, que naqueles tempos liderava a guerrilha contra a ditadura no país.
POR QUE SEQUESTRARAM FANGIO
A ideia era forçar o cancelamento da corrida, afinal Fangio era o grande nome do evento. Com isso os sequestradores esperavam ganhar atenção internacional para a causa que defendiam.
O campeão mundial diz ter sido bem tratado. Foi mantido em um apartamento, jantou bife com batatas e “dormiu como um bebê”. Anos depois disse ser simpático à causa dos sequestradores.
“Se o que os rebeldes disseram foi por uma boa causa, então eu aceito. É mais uma aventura”, afirmou.
CORRIDA FOI MARCADA POR TRAGÉDIA
A ditadura manteve a corrida como programado, e foi um terror. Um dos carros teve problema e espalhou óleo por toda a pista. Na sexta volta, o piloto cubano Armando Cifuentes perdeu o controle e bateu. O acidente derrubou uma ponte improvisada ao lado da pista, o que matou sete pessoas e deixou mais de 30 feridas. O inglês Stirling Moss venceu a prova.
O QUE ACONTECEU DEPOIS
Fangio foi deixado na embaixada da Argentina, logo depois da corrida. Naquele ano ele fez sua última temporada na Fórmula 1 e se aposentou como pentacampeão, feito que só Michael Schumacher e Lewis Hamilton superaram desde então.
A ditadura de Fulgencio Batista caiu meses depois, e Fidel Castro subiu ao poder em janeiro de 1959. Batista fugiu para a República Dominicana com 40 milhões de dólares, depois voou para a Europa e morreu apenas em 1973, com 72 anos.