RESUMO
• Geração Z já ocupa posições de liderança e representa 9% das empresas certificadas pelo Instituto Top Employers, com previsão de se tornar 27% da força de trabalho nos países da OCDE até 2025
• Saúde mental é valor fundamental: quase 83% dos jovens acreditam que as empresas têm o dever de apoiar o bem-estar psicológico dos colaboradores
• O futuro que os jovens nascidos entre 1997e 2012 imaginam é construído sobre pilares de ética, sustentabilidade e inovação
Aos 27 anos, o paulistano Mattheus Phillipe conquistou o emprego dos sonhos para muita gente. Como consultor de negócios da gigante americana IBM, ele enxergou a oportunidade de atuar em uma multinacional como um mix de carreira e aprendizado.
“Estou sempre aprendendo e estudando, mas meu papel é compartilhar meus conhecimentos e contribuir com outros profissionais”, afirmou à DINHEIRO. “Assim como me inspiro em outras pessoas, quero ser inspiração também”, acrescentou Phillipe.
A mentalidade do jovem funcionário da IBM reflete um perfil cada vez mais presente no mercado de trabalho, o da chamada Geração Z. Nascidos entre 1997 e 2012, eles têm como característica predominante um perfil mais ligado ao bem-estar do que salário e ascensão de cargo.
Um estudo elaborado pelo Instituto Top Employers focado na chamada Gen Z mostra que se destaca a preocupação com a saúde mental, sustentabilidade ambiental e, cada vez mais, com a voz que têm na sociedade e no ambiente de trabalho.
Com os mais velhos deste grupo completando 27 anos, eles já ocupam posições de liderança e representam 9% das empresas certificadas pelo Instituto Top Employers, com previsão de se tornarem 27% da força de trabalho nos países da OCDE até 2025.
Mas o que essa geração realmente busca no ambiente profissional? Para responder a essa pergunta, a pesquisa ouviu 1,7 mil jovens da Gen Z em nove países, além de cruzar esses dados com práticas de RH em 2.303 empresas certificadas.
• A constatação é que a Gen Z é marcada por seu desejo de estabilidade e equilíbrio.
• Crescendo em meio à crise da Covid-19 e a uma onda de demissões, muitos jovens dessa geração assistiram seus pais perderem a segurança profissional e aprenderam, cedo, sobre os riscos do mercado de trabalho.
• Para eles, o sucesso profissional vai além do status e exige uma abordagem equilibrada que valorize saúde mental, flexibilidade e desenvolvimento constante.
“As organizações Top Employers no Brasil têm muitos pontos de identificação com a realidade apresentada pelo relatório. A certificação contribui muito para isso, pois é uma referência na implementação dessas práticas, consideradas tendências”, afirmou Raphael Henrique, gerente regional para a América Latina do Top Employers Institute.
Na pesquisa, 62% dos respondentes disseram que aceitariam um salário menor em troca de um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A Gen Z vê o trabalho como uma parte importante de suas vidas, mas longe de ser sua prioridade absoluta.
A demanda por ambientes colaborativos e orientados a equipe é marcante, com 78% dos jovens buscando no local de trabalho uma oportunidade de estabelecer conexões e construir uma rede de apoio social.
“À medida que abraçamos as transformações da Geração Z, avançamos para construir corporações mais inclusivas.”
Raphael Henrique, gerente do Top Employers Institute
Quando perguntados sobre o que esperam do ambiente profissional, os jovens listaram como prioridades oportunidades de desenvolvimento, segurança e apoio ao bem-estar. Já as empresas, em contrapartida, focam mais em crescimento, desempenho operacional e diversidade. Essa diferença de prioridades pode gerar atritos, especialmente em organizações onde as metas de expansão e inovação são centralizadas.
A visão de sustentabilidade e saúde como pilares centrais de sucesso no trabalho é evidente. Quase metade dos respondentes afirmou que gostaria de ser descrito pelos colegas como “comprometido e trabalhador”, ou como um “pensador criativo e visionário”. A visão de um ambiente de trabalho saudável e o investimento constante no desenvolvimento pessoal são temas recorrentes entre os jovens.
Para a Gen Z, bem-estar vai além da saúde física e inclui o apoio à saúde mental.
• Quase 83% dos jovens acreditam que as empresas têm o dever de apoiar o bem-estar psicológico dos colaboradores, uma demanda crescente em países onde o acesso a cuidados psicológicos é escasso.
• Além disso, a flexibilidade é um dos critérios mais importantes na escolha de um emprego, com 82% dos respondentes destacando a importância de gerenciar seu horário de trabalho.
• Segundo o relatório, práticas como essas ajudam a promover uma cultura de inovação e engajamento, especialmente em empresas com alta representação de Gen Z, que chegam a 47% da força de trabalho.
TECNOLOGIA
A relação da Gen Z com a Inteligência Artificial (IA) é mista. Embora reconheçam que a IA pode trazer novas oportunidades e melhorar a eficiência, apenas 60% acreditam que a tecnologia terá um impacto positivo em suas carreiras. Isso revela uma visão cautelosa em relação ao papel da IA, principalmente nos países ocidentais, como Espanha e Reino Unido, onde o otimismo em relação à tecnologia é mais baixo.
Para essa geração, a tecnologia é uma ferramenta que precisa ser utilizada de maneira ética e equilibrada, a fim de melhorar, e não substituir, as interações humanas no ambiente de trabalho.
A geração z acredita que empresas têm o dever de apoiar o bem-estar psicológico dos colaboradores
Em relação à liderança, a Gen Z valoriza a empatia e inteligência emocional. Para 46% dos entrevistados, a capacidade de mostrar cuidado e compreensão é uma característica essencial para um líder, superando outras habilidades como planejamento e tomada de riscos.
Em empresas certificadas pelo Top Employers, onde há alta presença de Gen Z, líderes são incentivados a buscar feedback de seus subordinados, uma prática adotada por 80% das empresas com grande representatividade dessa geração.
Apesar da alta importância de diversidade e inclusão para a Gen Z, apenas 56% dos jovens disseram que recusariam uma vaga em uma empresa sem uma equipe de liderança diversa. Mais do que discursos, eles esperam que as ações reflitam as promessas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI). Na prática, as ações falam mais alto, e 81% defendem que líderes devem garantir salários justos e iguais para funções de igual valor, um tema que ganha cada vez mais atenção em um mercado de trabalho diverso.
O futuro que a Gen Z imagina é construído sobre pilares de ética, sustentabilidade e inovação. Mais do que buscar ascensão rápida, eles priorizam qualidade de vida e uma abordagem humanizada na liderança. A chegada dessa geração promete elevar os padrões de expectativa para todos, e com o crescimento de sua participação, o mercado de trabalho tende a se alinhar aos valores que enfatizam o bem-estar e a inclusão.
Organizações que compreendem essas mudanças estarão mais bem posicionadas para atrair e reter talentos desta nova geração, promovendo um ambiente de trabalho mais equilibrado e dinâmico para todos.
EQUILÍBRIO
A Geração Z, na visão de Raphael Henrique, traz perspectivas novas e desafiadoras. “Mas independentemente da geração de profissionais, um realinhamento de valores já se faz necessário. À medida que abraçamos as transformações tão desejadas pela Geração Z avançamos para construir corporações mais inclusivas, diversas, capacitadas e sustentáveis”, conclui o executivo.
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