A relação entre turismo e sustentabilidade tem ganhado protagonismo nos últimos anos, acompanhando uma mudança de comportamento global marcada por maior consciência ambiental. Em vez de viagens marcadas apenas por consumo e impacto, cresce o interesse por experiências que respeitam a natureza, valorizam a cultura local e reduzem a pegada ecológica.
Segundo o relatório Sustainable Travel Report 2022, da plataforma Booking.com, 81% dos viajantes brasileiros afirmaram querer se hospedar em acomodações sustentáveis no futuro – um índice que reflete uma tendência crescente também em outros países.
Esse movimento já se reflete em políticas públicas, projetos locais e, principalmente, na forma como destinos turísticos estão se preparando para atender um perfil mais consciente de turistas.
A hotelaria, um setor bastante estratégico dentro do turismo, é uma das frentes mais impactadas por essa mudança. Em diferentes regiões do Brasil, iniciativas já mostram como é possível unir conforto, preservação ambiental e envolvimento comunitário. Confira alguns exemplos.
Fernando de Noronha (PE): proteção ambiental como prioridade
No arquipélago de Fernando de Noronha, há uma forte regulamentação para proteger a biodiversidade. As pousadas da região investem em energia solar, sistemas de reúso da água e restrição ao uso de plásticos descartáveis, reforçando o compromisso com práticas sustentáveis, sem abrir mão do conforto.
Bonito (MS): ecoturismo com controle e capacitação
Outro destino que tem se destacado é Bonito, conhecido por seu modelo de ecoturismo estruturado. A cidade implementou uma política de controle de visitação com base na capacidade de carga dos atrativos naturais e incentiva a capacitação contínua dos guias locais, garantindo preservação ambiental e qualidade na experiência turística.
Alter do Chão (PA): turismo de base comunitária na Amazônia
Na mesma linha, Alter do Chão aposta no turismo de base comunitária como ferramenta de proteção à floresta amazônica. A proposta é valorizar os saberes locais, envolver comunidades na cadeia turística e promover uma convivência mais harmoniosa com o meio ambiente. Em destinos como esses, a sustentabilidade deixou de ser um diferencial para se tornar uma premissa.
A conscientização também passa pela escolha do local de hospedagem. Muitos hotéis já vêm incorporando práticas sustentáveis, como painéis fotovoltaicos, hortas orgânicas, gestão de resíduos e parcerias com comunidades do entorno.
Essas medidas não apenas reduzem os impactos ambientais, mas também oferecem uma experiência mais autêntica para os visitantes. Em Tiradentes (MG), por exemplo, diversas pousadas adotaram o conceito de “slow travel”, incentivando estadias mais longas, com menor emissão de carbono e maior imersão cultural.
De acordo com levantamento da Green Key Global, programa internacional de certificação ambiental para o setor hoteleiro, os estabelecimentos certificados chegam a economizar até 30% em consumo de energia e água, mostrando que sustentabilidade e eficiência podem caminhar juntas.
No Brasil, o Selo Verde Check-in também tem ganhado adesão, avaliando empreendimentos em critérios de gestão ambiental, responsabilidade social e educação ecológica.