InícioEditorialPatroa é acusada de agredir empregada: “Quebrou meu braço e jogou manga”

Patroa é acusada de agredir empregada: “Quebrou meu braço e jogou manga”

Uma empregada doméstica de 53 anos acusa a patroa de uma série de agressões, xingamentos e humilhação na casa onde trabalhava, no Lago Sul. Segundo o relato, a suspeita chegou a socar e arremessar mangas contra ela, que teve uma fratura no braço e, agora, aguarda cirurgia no Hospital de Base. A patroa nega e conta outra versão da história.

O caso foi revelado pelo DFTV 2ª Edição, da TV Globo, e confirmado pelo Metrópoles. A confusão foi registrada no último sábado (26/11), quando a funcionária estava trabalhando na casa em que prestava serviços há 18 anos. Os nomes dos envolvidos foram preservados por conta do caráter inicial da investigação policial, que ainda apura os fatos.

De acordo com a senhora de 53 anos, a filha da patroa, de 43, havia perguntado qual seria o cardápio de domingo e se irritado com a resposta dela de que ainda não havia definido. Nesse momento, a patroa começou a implicar, chamar a vítima de preguiçosa e xingá-la.

“Cala a boca, sua velha, gorda, incompetente! Some daqui, você não vai comer essa comida que você não comprou!”, aponta o depoimento que consta na ocorrência. O filho da empregada se revoltou com o caso e detalhou, para a reportagem, o episódio sofrido pela mãe.

“A gente não consegue entender essa agressão brutal contra uma senhora, que agora está com fratura no braço porque tentava defender o rosto. E quando minha mãe tentava sair, foi encurralada, agredida. A patroa tomou a bolsa dela, jogou todos os pertences no chão, rasgou e falou mais palavrões. Foi uma humilhação, uma tentativa de homicídio. Pelo fato dela ser rica, branca, acha que pode suprimir nossos direitos?”.

Família de vítima mostra raio-x apontando fratura Na delegacia, a vítima ainda relatou que essa mesma filha da patroa já havia sido agressiva em outras situações e que já gritou vários xingamentos contra ela. Já a acusada nega qualquer agressão física ou insulto.

Outro lado A filha da patroa contou à reportagem uma versão diferente sobre o ocorrido. Segundo o relato, ela estava dando um curso na casa e a empregada teria se irritado quando as alunas foram até a cozinha almoçar. “Elas disseram que se sentiram constrangidas pela funcionária, que achou ruim quando elas estavam pegando a comida.”

E a briga, ainda na versão dela, começou quando uma outra doméstica chegou para arrumar a casa e recebeu ordens de começar pelo quarto da filha da patroa, já que a dona da casa estava viajando e chegaria no dia seguinte, o que teria contrariado a primeira empregada, que queria o serviço no outro quarto.

“Ela falou que não trabalha para mim e não tem satisfação para me dar. Eu disse que compro comida para ela — se eu como picanha, todo mundo na casa come picanha —, compro remédio, e ela estava dizendo aquilo. Então, falei: ‘Pode ir embora, não estou conseguindo dar meu curso por conta disso.”

Sobre a bolsa ter ficado na casa, ela alega que o objeto teria enganchado no portão e caído. Questionada sobre a lesão no braço, a acusada negou agressões, dizendo, por exemplo, que não está em época de manga, então, não teria como arremessar as frutas, e levantou uma hipótese de que a vítima teria caído no ônibus. “Ela me contou dessa queda, na terça-feira passada. O caseiro ouviu, ela reclamou muito de dor”, diz.

A acusada ainda cita que a empregada tem esquizofrenia, já que havia supostamente furtado talheres e começado a apresentar “comportamentos relapsos” nos últimos meses. “Ela é como da família, tem chegado sempre atrasada, está cansada. Todo mundo aqui brinca que ela é deputada federal, porque só começa a trabalhar às 10h.”

O filho da vítima confirma a doença da mãe, mas lembra dos 18 anos de trabalho dela no mesmo imóvel, cita que a empregada só teve a carteira assinada em 2019 e comenta de outros supostos abusos psicológicos sofridos por ela no serviço.

Investigação O caso é investigado pela 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). A vítima passou por exames no Instituto Médico Legal (IML) e prestou depoimento dia 26. A suspeita prestou oitiva três dias depois. Uma testemunha citada por ambas as partes é uma outra empregada que estava no dia dos fatos. A família da senhora agredida diz que ela foi coagida para não dar depoimentos que incriminam a empregadora.

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