Para investigadores da Polícia Federal (PF), a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, ajuda a traçar o conjunto da obra do golpismo incentivado pelo ex-presidente desde antes das eleições de 2022.
Assim como na ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que condenou Bolsonaro à inelegibilidade, o inquérito da PF deve ser construído sobre vários eventos, e não apenas um, mostrando o comportamento do presidente para ameaçar a democracia no Brasil.
A linha do tempo, segundo a PF, começa com a disseminação de notícias falsas sobre urnas eletrônicas e no uso de redes sociais para descredibilizar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, instituições que poderiam questionar uma tentativa de golpe partindo do Poder Executivo.
Depois, durante o processo eleitoral, Bolsonaro teria intensificado os ataques à lisura do pleito, preparando-se para uma tentativa posterior de golpe, e acionou o Ministério da Justiça e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para tentar interferir na eleição e impedir eleitores de Lula de ir votar.
Após Bolsonaro perder a eleição, veio, nessa cronologia traçada pela PF, uma tentativa de golpe incentivada por ele que culminou nas manifestações no dia da diplomação de Lula, em dezembro, e finalmente nos atos de 8 de janeiro.
O foco dos investigadores, nesse momento, é avançar em diligências para encontrar provas que mostrem como, em todos esses momentos, houve participação direta do ex-presidente de seus auxiliares para desestabilizar a ordem democrática.