A produção de veículos no Brasil recuou 2,5% em outubro, na comparação com setembro, segundo dados da associação das fabricantes (Anfavea) divulgados nesta quinta-feira (6). Saíram das fábricas 293,3 mil unidades de carros, caminhões e ônibus ante 300,8 mil no mês anterior, que foi o melhor de 2014. O número é 9% inferior ao de outubro de 2013.
O volume de veículos produzidos nos 10 primeiros meses do ano é o menor para esse período desde 2009. De janeiro a outubro deste ano, a indústria nacional atingiu 2,68 milhões de unidades, ante 2,55 milhões nos primeiros 10 meses de 2009 e 3,19 milhões no mesmo período do ano passado.
Nas vendas, houve alta de 3,6% sobre setembro, confirmando o que já havia sido relatado pela federação dos concessionários, Fenabrave, na última segunda (3). Em relação a outubro de 2013, os licenciamentos caíram 7,1%. No acumulado do ano, a queda acumulada é de 8,9%.
Tombo nas exportações
O recuo na produção reflete a baixa nas vendas e nas exportações, sobretudo com a crise econômica da Argentina, principal cliente externo das montadoras brasileiras. Em outubro, as vendas de veículos no país vizinho caíram 40% em relação ao mesmo mês de 2013.
Assim, as exportações de carros, caminhões e ônibus no Brasil tombaram 54,6% na mesma comparação, maior percentual registrado para um mês de 2014. “Embora neste semestre tenhamos visto uma pequena melhora, a situação na Argentina continua afetando as exportações”, afirmou Moan.
Foram vendidas ao exterior 23,5 mil unidades em outubro, pior número para o mês desde 2002. No acumulado do ano, o volume também é o pior desde 2002 e 40% inferior ao do mesmo período de 2013. A previsão da Anfavea é de fechar 2014 com queda de 29,1% nesse tipo de venda.
Em valores, as exportações em outubro somaram US$ 931.810, incluindo máquinas agrícolas e rodoviárias, uma leve alta de 0,9% sobre o mês anterior, mas um valor 42,3% menor que o de outubro de 2013.
‘Prêmio’ ao bom pagador
A Anfavea mantém a projeção de queda de 10% na produção e 5,4% nas vendas neste ano. No início do ano, a expectativa era de alta de 1,4%, mas a previsão foi revisada ainda em julho. Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Moan, 4 fatores podem ajudar o cumprimento dessa estimativa. O primeiro é um projeto que vai “premiar” o consumidor que é bom pagador, a ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff, descreveu.
Além disso, o Salão do Automóvel de São Paulo, que termina neste domingo (9), a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), prevista para janeiro, e o tradicional movimento de vendas no fim do ano podem contribuir.
“Percebemos que os consumidores estão indo ao salão para escolher um modelo e exercer a compra. Em novembro e dezembro temos uma sazonalidade histórica, que propicia o aumento de vendas. Temos também o IPI, que vai sofrer aumento das alíquotas a partir de janeiro de 2015 e vai impactar bastante o preço”, explicou Moan.
Nos segmentos, o único a ter alta na produção em outubro, em relação ao mês anterior, foi o de caminhões, com 12.394 unidades produzidas, 5,2% a mais que em setembro. A produção de carros recuou 2,8% e a de ônibus, 3%. Nas vendas, os três segmentos registraram resultado positivo naquele mês, mas, no acumulado do ano, todos estão no negativo.
Estoques
Outro indicador do setor, o nível de estoque apresentou leve alta em outubro, para 413 mil unidades, ante 405 mil em setembro. No entanto, com a melhora nos emplacamentos no mês passado, esse estoque dura 40 dias – uma redução de 1 dia frente o mês anterior.
“Temos duas maneiras de ajustar o estoque, uma por promoções e outra no ajuste da produção. Estamos atuando nas duas pontas”, explicou o presidente da Anfavea.
Empregos
Como a empresas optaram por afastamentos temporários (chamados de lay-off), o nível de emprego caiu apenas 0,5% em setembro, de 147,7 mil funcionários diretos para 147 mil.
Em outubro do ano passado, a indústria automotiva ocupava 159 mil pessoas. Na visão da Anfavea, a situação é “estável”.
“Como indústria, nos comprometemos a manter o nível de emprego em 2012, tirando PDVs, demissões voluntárias. Utilizamos todos os mecanismos para manter eles nas empresas, férias, banco de horas, lay off”, diz Moan.
“Continuamos insistindo na importância da ampliação da lei atual de lay-off, que pode se dar em termos de prazo”, afirma o presidente da Anfavea. “Nosso argumento é que as crises são cíclicas. Então, precisamos desenvolver um instrumento forte para superar estas crises. Trabalhamos para elevar o prazo do lay-off dos atuais 5 meses para até 2 anos.”
Por | G1