O governador Rui Costa disse nesta quarta-feira (14) que não tem como intervir nos preços da gasolina na Bahia e afirmou que o problema no estado, em especial em Salvador, é o “oligopólio no comércio de combustíveis”. Reportagem do CORREIO revelou que mesmo com queda, a Bahia segue tendo a terceira gasolina mais cara do país.
“Em Salvador, uma pessoa física, um CPF, detém 50% de todo comércio de combustível. Uma pessoa. Seis pessoas possuem 100%. Então basta um jantar na casa de alguém pra combinar o preço que vai estar na bomba no outro dia. Um jantar regado a bom vinho você define. É disso que estamos falando”, disse ele, durante inauguração do Hospital do Homem, no Cabula. “Só uma pessoa, ao ter metade da distribuição, diz “Ó, bote tal preço”. Acabou. Dez centavos mais em 50% da rede, qual margem isso dá?”.
Rui criticou a privatização da refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde, hoje administrada pela Acelen. “Não se resolve o problema com bravata, se resolve com regulação, com intervenção econômica. Infelizmente, diria, não sei se a refinaria tá ganhando mais ou menos que a Petrobras… Quem privatizou a refinaria da Bahia não fui eu. Foi o Centrão, junto com Bolsonaro”, disse.
A política de preços do governo federal também foi alvo de crítica. “Não tenho nenhuma interferência sobre o preço dos combustíveis, nem capacidade legal de regular os preços. Aliás, nem a possibilidade de fiscalizar eu tenho, porque cabe à Agência Nacional de Petróleo (ANP). Não tenho capacidade de intervenção sobre isso, quem tem é o governo federal, e o que ele fez foi atrelar o preço do combustível ao parâmetro internacional”, finalizou.
Combustível caro
Na última semana, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina na Bahia foi de R$ 5,47. De lá para cá, o valor do litro comercializado pela Acelen, empresa responsável pela Refinaria de Mataripe, para as distribuidoras saiu de R$ 4,46 para R$ 3,44.
Porém, a maior mudança está na outra ponta, no valor de repasse dos postos ao consumidor. No mês de junho, a diferença entre o que saía da refinaria (R$ 4,46) para o que era cobrado na bomba (R$ 8,04) era de R$ 3,58. Agora, que a Acelen vende o litro por R$ 3,44 e os postos comercializam por R$ 5,47, a diferença dos valores está em R$ 2,03, uma redução de 56% em três meses do valor que é repassado para o cliente.
A queda, no entanto, não é capaz de tirar a Bahia do topo no ranking de valores mais caros quando o assunto é gasolina. De acordo com o relatório de preços da ANP, que é divulgado semanalmente, o valor da gasolina em território baiano só é mais barato em relação ao que é comercializado no Acre e em Roraima, onde as médias são, respectivamente, de R$ 5,68 e R$ 5,51.
Ter um dos combustíveis mais caros não é novidade por aqui. Ainda de acordo com dados da ANP, no fim de junho, quando o litro da gasolina comum saía por R$ 7,92 na Bahia, não havia estado vendendo o item por valor mais alto em todo o Brasil. No fim de julho, a gasolina baiana foi a 2º mais cara, saindo por R$ 6,04 em média dos postos. Em agosto, na última semana, foi o 4º estado com média mais alta pelo litro: R$ 5,44.
Tanto em junho como no momento atual, os preços praticados pela Acelen são mais altos que os da Petrobrás. Anteriormente, enquanto a empresa privada vendia o litro de gasolina por R$ 4,46, a empresa que tem o governo como seu maior acionista comercializava por R$ 4,06. Agora, a Acelen vende por R$ 3,44 e a Petrobrás por R$ 3,28.