InícioEditorialSalve a Rainha: santamarenses se rendem a Nossa Senhora da Purificação

Salve a Rainha: santamarenses se rendem a Nossa Senhora da Purificação

Considerada a maior festa religiosa do Recôncavo baiano, a celebração a Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro, foi ainda mais especial, afinal, nos dois últimos anos, devido à pandemia, a procissão tinha dado lugar a uma carreata. Os fogos de artifício, os lenços brancos balançados em saudação à santa e a presença da Filarmônica Filhos de Apolo sinalizaram que a comemoração voltou a ser realizada como deveria.

A singularidade da ocasião ficou nítida logo nas primeiras palavras do cônego José Carlos Silva, responsável por presidir o solene cortejo pelas ruas da cidade. “Quem imaginava que pudéssemos voltar a estar aqui nesta praça, vivendo este momento tão bonito e rico?!”, iniciou o sacerdote.

Silva relembrou as centenas de milhares de vidas perdidas antes da chegada da vacina contra a covid-19 ao Brasil. “Quantas famílias dilaceradas! Quanto negacionismo! Mas a ciência venceu”, declarou ele, que emendou uma salva de palmas aos cientistas e ainda citou a tragédia humanitária vivenciada pelo povo Yanomami, em Roraima.

Antes de a imagem de Nossa Senhora ter deixado a paróquia a que dá nome, um gesto chamou a atenção dos presentes: a porta principal, até então aberta para a passagem dos demais santos, foi fechada justamente na tão esperada saída da rainha.

Ao contrário do que pôde parecer aos fiéis, não se tratava de um erro ou imprevisto, e sim apenas uma alusão às restrições outrora impostas ao culto religioso pela pandemia. “É um sinal de que, ao ser aberta, ela não mais se fechará”, enfatizou o cônego José Carlos Silva.

Ao fim da procissão, de cima do palco montado em frente à paróquia, o cônego realizou a Bênção do Santíssimo Sacramento.

Tradição e fé
Como em muitas famílias, na da aposentada Graça Costa, 73, a tradição é passada de geração em geração. “Minha mãe, que era muito devota de Nossa Senhora, foi quem nos ensinou, trazendo pra igreja”, recordou-se a santamarense. “[Nossa Senhora] Ela é uma mãe tão maravilhosa… Tudo o que nós pedimos, alcançamos. Eu posso estar onde estiver, mas, todo ano, venho aqui, pedir a bênção.”

Cortejo leva imagem da santa pelas ruas da cidade do Recôncavo (Foto: Ana Lúcia Albuquerque)

O retorno aos festejos na paróquia também remeteu à infância da fisioterapeuta Silmaria Carvalho, 63. “A emoção é grande. Eu fui criada aqui, e é uma recordação de minha avó. Ela é que trazia a gente pra essa festa”, comentou a idosa.

Para a técnica em enfermagem Jaciara Martins, 65, a saudação a Nossa Senhora significou, sobretudo, um agradecimento por sua recuperação após um infarto. “Hoje, eu estou viva e agradeço a Nossa Senhora por estar aqui. É meu tudo o Santíssimo Sacramento, que, a cada dia, cuida de mim”, afirmou a devota.

Santo Amaro é da Purificação?

Erguida entre os séculos 17 e 18, a Paróquia Nossa Senhora da Purificação se tornou a principal igreja de Santo Amaro. Não à toa, embora o padroeiro do município do Recôncavo baiano, como já se sugere, seja o santo homônimo, por vezes, a cidade tem a locução ‘da Purificação’ associada a si.

“Dois de fevereiro não é feriado em Santo Amaro, mas a fé e a devoção do povo a Nossa Senhora fizeram com que tudo parasse na cidade, para acontecer a celebração da festa”, diz o cônego José Carlos Silva.

Os devotos saem da paróquia em cortejo que passa pela Igreja de Santo Amaro e retorna à praça em frente à matriz. “É uma apoteose; uma coisa magnífica”, define o religioso.

Ainda segundo ele, a festa de Nossa Senhora da Purificação teve origem numa solenidade bíblica a que a Virgem Maria, depois de ter dado à luz Jesus Cristo, foi submetida.

“Toda criança do sexo masculino, na religião judaica, após 40 dias de nascida, deveria ser levada ao templo por seus pais, para que fosse circuncidada”, explicou. “Lá, o Simeão o acolheu e disse que ele era o rei das nações.”

Na mesma solenidade, a mãe, por considerar-se que o parto lhe deixava uma ‘mancha’, deveria ser purificada. “A Virgem Maria, no caso, não precisava, mas se submeteu ao rito da sua religião”, frisou Silva.

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