São Paulo — Assessor especial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e irmão da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, Diego Torres Dourado foi escalado pelo governo para aplacar os ânimos da bancada bolsonarista da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Dourado esteve na Alesp ao longo das duas últimas semanas como emissário de Tarcísio para levar aos deputados bolsonaristas a mensagem de que era preciso, além de alinhamento nas votações de interesse do Palácio dos Bandeirantes, comedimento no tom das críticas a algumas decisões do governo paulista.
Ele também participou da reunião da bancada do PL, a maior da Alesp, na última terça-feira (27/6). Durante o encontro com os parlamentares, o irmão de Michelle se colocou formalmente à disposição para servir de interlocutor com o governo Tarcísio.
Desgaste da base de Tarcísio O sinal amarelo acerca do comportamento da ala bolsonarista do PL, formada por oito deputados, foi aceso no Palácio dos Bandeirantes no mês passado, quando o governo enviou à Alesp o projeto de aumento de salário dos policiais sem consultar deputados da bancada da bala sobre o texto final.
A bancada bolsonarista, que tem entre os policiais uma de suas principais bases, fez uma série de críticas ao projeto, que não previa reajuste linear às categorias. Conforme reportado pelo Metrópoles, os parlamentares foram orientados a não realizar ou acatar nenhuma modificação no texto original.
Reajuste das polícias trava na Alesp em meio à pressão por emendas
Sem alterações no projeto de lei, os deputados da bancada da bala foram alvo de protestos de agentes policiais na Alesp. A votação foi travada duas vezes antes que o projeto fosse aprovado no plenário da Casa. O próprio Tarcísio, depois, admitiu que houve uma “falha” na articulação política.
Audiências com secretários Os convites para que os secretários da Educação, da Fazenda, dos Transportes Metropolitanos e da Cultura prestassem contas de suas ações nas comissões temáticas da Alesp também foram percebidos pelo governo como outro ponto sensível na relação com o Legislativo. Diante disso, o governo escalou Dourado para agir.
Diego Torres Dourado e Michelle Bolsonaro A primeira atuação do irmão de Michelle foi a de orientar o secretário da Educação, Renato Feder, antes que ele prestasse contas à Assembleia no dia 20 de junho. Conforme revelado pelo Metrópoles, Feder é acionista de uma empresa que tem cerca de R$ 200 milhões em contratos com a pasta que ele chefia, por meio de uma offshore.
Diante do que foi considerado um “sucesso” pelo governo paulista, que via o depoimento de Feder com preocupação, Dourado foi acionado para fazer o media training (preparo para entrevistas) do restante do secretariado.
Relação de Tarcísio com PL de Bolsonaro causa ciumeira no Republicanos
“Bombeiro” de Tarcísio A nomeação do irmão de Michelle em seu gabinete e da ex-assessora do deputado Eduardo Bolsonaro e vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos) como secretária da Mulher, em janeiro, havia sido interpretada como acenos de Tarcísio ao padrinho político Jair Bolsonaro.
Como o Metrópoles informou, porém, esses nomes foram escolhidos por causa de uma atuação estratégica da dupla, para manter a ponte com o bolsonarismo diante de pautas pragmáticas que o governo Tarcísio pretendia tocar mas que poderiam provocar uma grita dentro da ala ideológica que apoia o governador.