Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) alegou que o juiz teria ligado para João Eduardo Malucelli, filho de um desembargador que compõe a corte, com afirmações em tom de ameaça
Divulgação/Justiça Federal
Eduardo Appio foi cautelarmente afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba nesta segunda-feira, 22
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) decidiu afastar de maneira preventiva o juiz Eduardo Appio do comando da 13ª Vara Federal de Curitiba, que tem jurisdição sobre os processos da Operação Lava Jato. O magistrado é considerado suspeito de ter efetuado uma chamada telefônica anônima com uma suposta ameaça ao advogado João Malucelli, filho do desembargador Marcelo Malucelli. Marcelo foi quem reviu a decisão de Appio sobre a revogação da prisão do advogado Rodrigo Tacla Duran. A ligação registrada em Boletim de Ocorrência foi revelada em abril pela Jovem Pan. No trecho do áudio em questão que supostamente seria de Appio, o juiz se passa por Fernando Pinheiro Gonçalves e pergunta ao advogado: “Não tem aprontado nada?”. A juíza substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, assumiu os casos que estavam a cargo de Eduardo Appio na Lava Jato. Hardt foi substituta do ex-juiz Sergio Moro durante os processos da operação. Em 2019, a magistrada condenou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do sítio de Atibaia. O portal G1 falou com Appio após o afastamento e o juiz disse desconhecer a acusação de ameaça: “Não sei de nada”. Antes de ser afastado, Eduardo assumiu em entrevista que sua assinatura no sistema eletrônico da Justiça Eleitoral era ‘LUL22’. Segundo o juiz, a adesão da assinatura foi uma forma isolada de protesto contra uma prisão considerada ilegal. Além disso, o juiz aparece no site do Tribunal Superior Eleitoral como doador para campanha do presidente Lula no ano passado com a doação de R$13. Appio nega, mas também se nega a pedir retificação no sistema eletrônico da Justiça Eleitoral.