InícioEditorial3ª Marcha Incomode marca luta contra genocídio da juventude negra na Bahia

3ª Marcha Incomode marca luta contra genocídio da juventude negra na Bahia

Em 2019, em média, 64 jovens foram assassinados por dia no Brasil, segundo dados do Atlas da Violência 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 23.327 jovens tiveram suas vidas ceifadas como conta o último levantamento do Atlas. Esse número representa uma taxa de 45,8 homicídios para cada 100 mil jovens no País.

A Bahia é o segundo estado com maior taxa de homicídios de jovens, segundo o levantamento. O estado registrou um total de 97 homicídios para cada 100 mil jovens, mais do que o dobro da média nacional. 

Ainda segundo o Atlas, em 2019, 77% das vítimas de homicídios no Brasil foram pessoas negras (soma de indivíduos pretos ou pardos, segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). Na Bahia, esse número chega a 94%.

Os dados assustam. Nas periferias da cidade, o clima de terror existe. É contra isso que se manifesta a 3ª Marcha Incomode, que busca chamar a atenção da população para as violências contra jovens negros na Bahia e no Brasil. O tema da caminhada é ‘Contra o Genocídio e o extermínio, a LGBTfobia, o feminicídio, o ódio religioso e o encarceramento em massa da Juventude Negra’.

A caminhada acontece na próxima segunda (20), om concentração às 13h30 na Praça do Lobato (próximo à Cesta do Povo), Subúrbio Ferroviário de Salvador, e sai em direção ao Parque São Bartolomeu, bairro de Plataforma, também conhecido como Quilombo do Urubu, onde realizarão o Sarau Incomode, com apresentações culturais.

A caminhada de 2022 terá como novidade a abertura com uma ala formada por Yalorixás e Babalorixás e outros representantes de religiões de matriz africanas.  

“Ocuparemos o espaço da rua como símbolo de luta. Além de denunciar, queremos anunciar que existe uma juventude organizada, aquilombada, que está fazendo o enfrentamento à violência de forma qualificada”, comenta Eduardo Machado, educador do Projeto Juventude Negra e Participação Política (JNPP), desenvolvido pela CIPÓ – Comunicação Interativa, em parceria com a Aliança Terre des Hommes Schweiz/Suisse.

O Coletivo Incomode se constitui como um espaço aberto e suprapartidário, que busca qualificar a luta contra o racismo, sobretudo contra o genocídio da população negra do território em questão. Integram o Coletivo grupos do Movimento Hip Hop de Salvador, grêmios, coletivos artísticos e culturais, além de organizações dos movimentos social e negro, que atuam no território do Subúrbio Ferroviário. 

“A proposta de toda essa mobilização é dar visibilidade à juventude negra, trazendo o seu lugar de destaque na luta contra o feminicídio, genocídio, LGBTQIAP+fobia, hiperencarceramento, intolerância religiosa, contra todas as violações de direitos humanos, sociais e básicos e pela valorização da vida”, explica Nadjane Cristina, integrante da articulação que busca mudar uma outra realidade tenebrosa vivida por jovens negros na Bahia: o de ser a maioria em cárcere no Brasil.

Em 2016, o número de jovens negros presos chegou a um total de 726,7 mil, segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Mais da metade desse segmento era formado por jovens de 18 a 29 anos e 64% do total eram negras.
 

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