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Transferência de delegado do caso Paraíso Perdido é cancelada

O delegado Rafael Magalhães, responsável pela investigação da morte de Leandro Troesch, encontrado morto em março na pousada Paraíso Perdido, seguirá no caso em Jaguaripe. Magalhães foi surpreendido nesta quinta-feira (7) com uma portaria assinada pela delegada geral da Polícia Civil, Heloisa Brito, que o transferia para a cidade de Santo Antônio de Jesus.

Em nota, a PC informou que, “considerando a necessidade de conclusão das investigações sobre as mortes de Leandro Troesch e Marcel Vieira, a remoção do delegado Rafael Godinho Magalhães, titular da Delegacia Territorial de Jaguaripe, foi revista, sendo tornada sem efeito”.

Ainda em nota, a Polícia Civil informou que a transferência do servidor já havia sido solicitada antes da atual investigação. “O servidor continuará presidindo o inquérito que está em andamento sobre o caso”, diz o texto. A PC não informou se, após a conclusão do inquérito, ele será substituído pelo delegado Cristóvão Heder Maia de Oliveira, que deixaria a delegacia de Cruz das Almas para comandar em Jaguaripe, de acordo com a portaria suspensa.

A transferência, agora cancelada, aconteceu no auge das investigações do caso Paraíso Perdido. Magalhães só ficou sabendo da portaria, depois de colher o depoimento de Maqueila Bastos, amiga da esposa do empresário, em Salvador. O delegado está à frente do caso por dois meses.

“Sem justificativa, sem fundamentos, apenas a transferência para um outra cidade, sem explicação. É inadmissível, um trabalho bonito e bem feito que eu estou fazendo e simplesmente aconteceu esse episódio”, disse o delegado, estarrecido com a notícia no final da manhã. Magalhães chegou a afirmar que entraria com um mandado de segurança para impedir sua transferência.

“É inadmissível. Senhora Maqueila prestou o depoimento por várias horas, entregou muitas informações e nós estamos no final do inquérito, então não faz qualquer sentido. Vamos impetrar o mandado para intervir nisso. Há uma publicação no diário oficial, de fato, mas como isso depois de dois meses de investigação e mais de 20 oitivas?”, questionou Silas Coelho, advogado do delegado. 

Depoimento de Maqueila

A expectativa do dia era o depoimento de Maqueila, mas a etapa da investigação foi ofuscada pela saída do delegado. Em entrevista coletiva, ele preferiu não esmiuçar o que foi dito, mas informou que a suspeita respondeu todas as perguntas e entregou detalhes preciosos sobre a morte ocorrida na pousada. 

“Tomamos o depoimento, foi muito bem feito, com todas as perguntas respondidas. Ela não se furtou a responder nenhum dos questionamentos. Estaríamos praticamente fechando o inquérito na próxima semana, e eu fui pego de surpresa com esse afastamento e transferência”, explica Magalhães. 

A suspeita foi detida em Aracaju, mas foi transferida para a capital baiana na última quarta-feira (06), para continuar cumprindo a prisão na Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca). 

Advogado deixa o caso 

O advogado de Maqueila Bastos abandonou o caso após divergência profissional com sua cliente. De acordo com o ex-responsável pela defesa, Paulo Pires, a suspeita de envolvimento na morte de Leandro apresentava indícios de que não pagaria seus honorários 

Ele era o terceiro advogado contratado por Maqueila, que segundo Paulo, seria pago após o fechamento do caso da Pousada Paraíso. Agora, o responsável pela defesa da suspeita é o advogado João Alves. 

Entenda o caso

O empresário baiano Leandro Silva Troesch morreu com um tiro na cabeça no dia 25 de fevereiro. Ele era um dos donos da famosa Pousada Paraíso Perdido, em Jaguaripe, no Recôncavo Baiano.

De acordo com informações da Polícia Militar, Leandro foi encontrado caído e com o ferimento provocado pelo tiro dentro da própria pousada. Eles isolaram o local e acionaram o Departamento de Polícia Técnica para remoção do corpo e realização da perícia. 

Acostumado com os holofotes e a vida glamourosa que levava na cidade de Jaguaripe, na região do Recôncavo Baiano, Leandro foi preso em fevereiro do ano passado, ao lado da companheira Shirley da Silva Figueredo. O casal estava dentro da pousada quando foi surpreendido pela polícia e, na época, a defesa lutava pela soltura, alegando prescrição do crime. Eles foram sentenciados pelos crimes de roubo e extorsão mediante sequestro contra a uma mulher em Salvador. O crime foi cometido em 2001.

Leandro e Shirley viviam uma vida normal, apesar de terem sido condenados em segunda instância pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em 2010 a 14 e 9 anos de prisão, respectivamente, em regime fechado. Apesar disso, os dois estavam foragidos, mas viviam publicando fotos normalmente nas redes sociais. 

Após a morte de Leandro, a pousada suspendeu todas as reservas feitas para o período de Carnaval, justificando apenas que houve um “gravíssimo acidente sofrido pelo proprietário”. Não há informações sobre como ficará a situação dos clientes.

Billy, funcionário de Leandro Silva Troesch, foi assassinado a tiros no mesmo dia em que prestaria depoimento sobre a morte do patrão. A vítima foi encontrada morta no dia 6 de março, no distrito de Camassandi, no mesmo município.

O delegado Rafael Magalhães detalhou que a vítima era amigo e considerado o “braço direito” do empresário Leandro Silva Troesch. Billy chegou a ser ouvido pela polícia após a morte de Leandro, mas seria ouvido mais uma vez no dia 6.

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