Enquanto a inflação média no Brasil aumentou em 11,89% nos últimos doze meses, os custos das refeições coletivas aumentaram 24,1% no mesmo período, segundo dados da Associação Brasileira de Refeições Coletivas (Aberc). E a verdade é que o setor, que produz 14 milhões de refeições diariamente em escolas públicas, hospitais, indústrias, restaurantes populares e locais remotos, como as plataformas de petróleo, está sentindo o peso da alta. A alternativa tem sido a antecipação das renegociações salariais.
(Foto: Silvia Santos/Creative Commons) |
O vice-presidente da Aberc e diretor geral do Grupo LemosPassos, de matriz na Bahia e atuação em outros oito estados, Ademar Lemos Jr., explica que a alta dos preços dos alimentos e combustíveis, que se intensificou com o conflito no leste europeu (guerra na Ucrânia), tem colocado o setor em um cenário de grande instabilidade na manutenção dos negócios, que no país gera cerca de 260 mil empregos.
De acordo com a Aberc, que está mobilizando o “gatilho”, houve um aumento de 24,1% nos custos de produção de uma refeição em 12 meses (jun/2021 a jun/22). “A gente coloca na régua de custos os gastos proporcionais a tudo que faz parte deste negócio, de salários, insumos, combustível, gás, manutenção, fardamento, EPI’s, entre outros itens”, ressalta.
Os fornecedores alertam que os reajustes, até então anuais, não suprem os custos. Ainda de acordo com as empresas, a cláusula de renegociação não precisa ter repasse integral e automático do aumento sobre os custos da refeição. “É possível traçar alternativas como alterações nos cardápios, na carga horária que influencia no custo da mão de obra, e até mesmo, divisão de custos para o gás, por exemplo”, diz o representante do segmento.
Ademar Lemos Jr. destaca que, no caso da LemosPassos, que produz atualmente mais de 6 milhões de refeições/mês, desde iniciada a pandemia os impactos vieram e os custos não puderam ser repassados. “Naquele momento, nós e os clientes estávamos todos em crise. Tivemos grandes perdas de receitas em alguns contratos como os de fábricas, que tiveram que reduzir suas equipes e escolas que foram fechadas. O faturamento caiu em mais de R$ 10 milhões de 2019 a 2022. Desde então, a gente vem ajustando as velas, buscando nossos parceiros, revendo cardápios e, agora, precisamos retomar as conversas sobre reajustes contratuais”, afirma.