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Qual foi, São Pedro? Verão soteropolitano é marcado por chuvas além do normal

Em janeiro de 1987, Salvador dançava ao som da música Lambada da Delícia, de Gerônimo, que lançou o álbum Dandá referendando uma lei quase empírica na capital baiana: “A chuva passou, cidade, o sol vem aê”. Era assim que o baiano identificava o Verão. Passados 36 anos, não podemos mais garantir essa referência. Só para ter uma ideia, naquele ano Salvador registrou míseros 21 mm de chuva em 30 dias. No primeiro mês de 2023, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já registrou 118 mm até o último dia 19 de janeiro.  Afinal, o que mudou na nossa estação preferida? Será que vai dar praia ou o guarda-chuva vai se tornar acessório do Verão?

Não será exagero dizer que a sombrinha fará parte da moda Primavera/Verão em Salvador. Os números mostram que algo está diferente no clima de veraneio. Há 20 anos, em 2003, dados do Inmet e do  Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) registraram 26,7 mm de chuva acumulada na capital no primeiro mês do ano. Dez anos depois, em 2013, os 31 dias de janeiro registraram um pouco mais: 36,2 mm. É um valor quase irrisório. Já este mês, que ainda não acabou, a tendência é ser umas das mais chuvosas dos últimos anos.

Não se trata de um caso isolado. Ainda comparando os registros dos últimos 20 anos, em apenas seis anos Salvador registrou um volume de chuva acima dos 100 mm no mês de janeiro. Metade é bem recente: 2023, 2021 e 2020. O primeiro mês deste ano pode, inclusive, ser o segundo mais chuvoso nas duas décadas, perdendo apenas para 2004, quando o Inema registrou 319,4 mm no primeiro mês.

Afinal, vai dar praia ou não? A resposta é sim e não. As pancadas de chuva, apesar de fortes, terminam com a mesma rapidez que chegam, abrindo aquele solzão em seguida. Sócios da Sol Va’a, empresa de canoa havaiana que faz passeio turístico pela Baía de Todos os Santos, Patrícia Almeida e José Icó se preparam para todas as possibilidades. Na verdade, eles aprenderam a lidar com o tempo incerto.

“Acordo cedo, bem antes dos clientes e vamos dando o feedback com fotos que vou tirando. Mas muita gente não está mais ligando para o tempo nublado. Até gostam. Virou parte da aventura”, disse Icó, também instrutor nos passeios com a canoa havaiana.

Na praia, os próprios donos das cadeiras espalhadas pela costa da Barra se tornaram meteorologistas. “Tem gente que chega aqui, começa a chover e já começa a arrumar as coisas para ir embora. Eu digo pra ficarem, pois vai abrir o sol. Quem confia, se dá bem. Acho que choveu todos os dias esse mês, mas quase sempre o sol abre novamente”, conta Gil, dono de cadeiras no Porto. De fato, choveu todos os dias neste mês e se continuar nesse ritmo, teremos o mês com mais dias com chuva nos últimos 20 anos, ultrapassando 2004 e 2014, quando foram 20 dos 31 dias com precipitações.

Para o meteorologista do Inema, Mauro Bernasconi, ainda é cedo para determinar qualquer mudança significativa e permanente no Verão de Salvador. Fenômenos como o La Niña também contribuem para esse clima maluco, fazendo lugares secos ter um volume de chuva maior do que o nível histórico, ocorrendo também o contrário, como regiões chuvosas viverem uma estiagem acima do esperado. Ciclo que pode mudar, principalmente para o próximo ano, pois o La Ninã perde força e pode desaparecer até março.

“O Atlântico está mais quente e os efeitos da mudança climática estão acelerando esse processo. Então, o que acontece é mais indisposição de calor, fornecendo umidade a mais para atmosfera. Consequentemente, teremos uma maior formação de nuvens e acaba tendo aquelas chuvas em determinados lugares com bastante intensidade.[…] Uma chuva de Verão, porém com mais frequência”, explica Mauro Bernasconi.

Este processo climático mudou a rotina da Defesa Civil de Salvador (Codesal). Antes desses períodos chuvosos em pleno Verão, engenheiros tiravam férias na época de clima quente, como janeiro e fevereiro. “Ninguém descansa mais. Com este processo de chuvas, principalmente em dezembro e janeiro, tivemos que mudar nossas escalas de férias, comuns nos períodos sem chuva”, conta o diretor da Codesal, Sósthenes Macedo.

Salvador paga a conta das mudanças climáticas provocadas pelo homem. Além de mais chuvas no Verão, a tendência é que o mar, que vem ficando mais quente, aumente seu nível, provocando alagamentos nas costas em futuro não muito distante. A consequência pela degradação do planeta já está atingindo aquilo que mais o baiano gosta: sol e praia. Mas, um alento. A expectativa é de um fevereiro menos chuvoso, mas não custa nada manter o guarda-chuva ao lado do protetor solar.

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