Nesta terça-feira, 11, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou com sua com sua comitiva para a viagem à China, que estava programada para o dia 25 de março mas foi adiada por problemas médicos. Na véspera, Lula destacou a necessidade de ampliar as relações bilaterais e pregou a retomada do protagonismo brasileiro na política externa. As declarações foram dadas no programa A Voz do Brasil. Com relação à ida ao país asiático, o presidente disse querer que a China invista em novos negócios no país e em infraestrutura de rodovias e hidrelétricas para expandir a relação de trocas com o principal parceiro comercial do Brasil que, apenas no ano passado, foi responsável por um volume comercializado de US$ 150,4 bilhões. Deste montante, foram cerca de US$ 89,7 bilhões em importações de produtos brasileiros, como soja e minérios, e US$ 60,7 bilhões em exportações para o mercado nacional.
Lula também revelou que convidará o presidente chinês, Xi Jinping, para uma agenda bilateral em solo brasileiro. De acordo com o presidente, o objetivo é consolidar a boa relação entre os países com projetos inovadores e estimular parcerias que não se limitem á compra e venda de produtos e commodities. Em 2023, China e Brasil celebram 50 anos de relações comerciais. “Eu vou convidar o Xi Jinping para vir ao Brasil, para uma reunião bilateral, para conhecer o Brasil, para mostrar os projetos que nós temos de interesse do investimento dos chineses. A gente não quer que os chineses comprem coisa nossa, o que nós queremos é construir parceria com os chineses. Nós queremos fazer sociedade com os chineses, para que eles possam fazer investimentos em coisas que não existem, uma nova rodovia, uma nova ferrovia, uma nova hidrelétrica, uma coisa qualquer que signifique algo novo para o Brasil”, afirmou Lula.
O presidente deve assinar 20 acordos bilaterais com foco em agricultura, turismo e tecnologia, como o modelo de satélite com tecnologia que permite o monitoramento de biomas, como a floresta amazônica, mesmo com nuvens. De acordo com o Palácio do Planalto, os programas brasileiros de combate à fome, proteção ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável são vistos como referências pelo governo chinês. Durante a última entrevista antes da viagem, o presidente também se referiu por duas vezes ao impeachment da ex-presidente Dilma Roussef como “golpe” e insistiu nas críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lula culpa a gestão anterior pelo o que chamou de um “amortecimento” da política externa: “A China é um parceiro hoje essencial para o Brasil e para a América Latina. Então, nós queremos fortalecer essa relação. O Brasil tinha uma relação amortecida, porque depois que nós deixamos a presidência e depois que houve o golpe, as relações ficaram amortecidas. O último presidente não entendia nada de política externa e não gostava de fazer política externa. E eu quero fazer uma forte política externa, porque o Brasil tem que voltar a ser protagonista internacional”.
Comitiva e programação
Dentro da comitiva, estão previstas dezenas de autoridades do governo, mas também empresários e sindicalistas. A delegação oficial inclui oito ministros: Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) e Juscelino Filho (Comunicações). Os governadores da Bahia, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte e Pará também irão ao país asiático. Também integram a comitiva, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e mais de 20 parlamentares, entre eles os deputados Tabata Amaral (PSB) e André Janones (Avante). Os presidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Força Sindical e da União Geral de Trabalhadores (UGT) também estão na lista.
Está na programação a cerimônia de posse de Dilma Roussef no comando do Banco de Desenvolvimento do BRICS, em Xangai, na quarta-feira, 12, e reuniões com autoridades chinesas. Na sexta-feira, 14, ocorre a solenidade com o presidente Xi Jinping, na qual está prevista a assinatura de acordos bilaterais, uma reunião fechada entre os chefes de Estado e um jantar oficial. Após completar a agenda na China, Lula fará uma escala em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para outra visita oficial antes do retorno ao Brasil.