Sombreiros, livros, discos, roupas, história. Preto, vermelho, amarelo, verde. Maciel. Pelourinho. Olodum. A banda do Pelô virou exposição no Foyer da Biblioteca Central, nos Barris, oferecendo, em alguns metros, a oportunidade de passear por 44 anos de
história.
Em quase quatro décadas e meia, o afro escreveu páginas importantes da história da Bahia e também ajudou a resgatar vivências da África, do sertão e da própria ancestralidade negra. A exposição foi aberta nesta segunda (17) e segue no local até o dia 10 de maio. A visitação é gratuita, das 8h30 às 21h, de segunda a sexta. No sábado, a visitação vai até as 13h.
O público do primeiro dia foi tímido. A Biblioteca permitiu quebrar o protocolo de silêncio que é inerente ao espaço e subiu o som dos tambores. Um dos poucos presentes, o poeta Douglas de Almeida ficou encantado com o que viu. Ele disse que era uma oportunidade de conferir a quantidade de conhecimento que o Olodum já produziu – uma informação que pode chamar atenção de quem pense que a instituição se limita à música.
“E já seria muito!”, exclamou o poeta. “O Olodum tem a questão do elemento cultural, resistência, a afirmação de uma das vertentes de nossa cultura que é a de matriz africana. É interessante que a Biblioteca receba essa iniciativa, que parece pouco usual, mas creio que o espaço seja pra isso. Aqui você vai saber quem são os produtores, os compositores, é uma informação fundamental”, disse Douglas.
A mostra reúne instrumentos, indumentárias, álbuns , livros e fotos sobre o Olodum (Foto: Ana Albuquerque) |
Coordenadora do Centro de Memória e de Mídias do Olodum, Linda Rodrigues explicou que a ação auxilia a demarcar o aniversário da instituição, que tem um legado importante e uma série de projetos desenvolvidos ao longo de seus 44 anos, como a Escola Olodum, por exemplo, e seu pioneirisimo na educação antirracista no Brasil.
“Nossa história está na exposição e será um local onde todos poderão ter acesso a grande parte do nosso acervo físico, nossas vestimentas e sua evolução, nossos discos, troféus, imagens, a nossa carreira em vários formatos e cores, toda a nossa pluralidade” defende a coordenadora, apontando que uma exposição como essa é uma ação de luta e encantamento que não pode parar.
O Olodum precisa mesmo chegar às próximas gerações. A exposição é uma oportunidade de dinamizar o equipamento e seus espaços, atraindo público para dentro de suas dependências, como explica o diretor da Fundação Pedro Calmon, Vladimir Pinheiro.
Além da ação, que fica no foyer, o Olodum vai levar o comunicador Rafael Manga para o quadrilátero da Biblioteca no dia 25 de Abril. Ele vai mediar um encontro entre Marcelo Gentil, presidente do bloco afro Olodum, e Paulo Miguez, Reitor da Universidade Federal da Bahia e doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea. Vinicius Nascimento