Aliados do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), avaliam o momento atual como o de maior fragilidade para o petista desde o início do terceiro governo Lula e consideram difícil que ele sobreviva à fritura interna e externa por muito mais tempo. Caso a MP que reestrutura a Esplanada dos Ministérios não fosse aprovada anteontem pela Câmara, calculam, a saída de Rui do cargo era questão de dias. Em contrapartida, a votação da medida acrescentou novos desgastes à uma lista já longa deles. Ao tentar escapar das críticas diárias aos erros de articulação política do governo no Congresso, em grande parte atribuídos a ele, o chefe da Casa Civil criou arestas com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com quem não se bica há um bom tempo.
Dedo de seta – “Quando Rui chegou na imprensa e disse que emendas e cargos não são da alçada da Casa Civil, ele atirou em Padilha e jogou no colo do ministro a culpa exclusiva pelas falhas de articulação do governo”, afirma um influente parlamentar do PT da Bahia.
Retado com você
Caciques da bancada baiana no Congresso com acesso aos corredores do Planalto e da Esplanada garantem que os últimos sinais vindos do gabinete presidencial em direção ao chefe da Casa Civil não foram dos melhores e afirmam que a irritação de Lula com as recentes trapalhadas e tensões criadas por Rui Costa virou assunto da vez nas rodas do poder em Brasília. Além das dificuldades na aprovação da MP e dos ruídos em torno de artigos que desidrataram as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, o presidente culpa o ministro por boa parte dos erros na condução política do governo, especialmente na Câmara, além dos reflexos provocados pelos atritos com o chefe da Fazenda, Fernando Haddad.
Perdas e ganhos
Em movimento conexo, o desapreço à articulação e estilo duro com que Rui Costa trata parlamentares de partidos aliados ou em vias de ingressar na base petista contrastam com a postura do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), com quem o ministro trava em duelo tácito de forças na Bahia. Wagner tem sido crucial para o sucesso das costuras tocadas por ele em nome do Planalto no Senado, cujo ambiente para Lula tem sido bem menos hostil que na Câmara.
Caixa-preta
A bancada de oposição colocou a lupa sobre uma prática que se tornou recorrente nos patrocínios a eventos e artistas bancados pela Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur), chefiada por Diogo Medrado. Ao contrário da praxe, os resumos de contratos têm sido publicados no Diário Oficial muito tempo após a realização dos eventos. Sem falar nas costumeiras correções de valores a maior depois que os contratos já foram publicados.
Tô nem aí
Passado o limite máximo de 40 dias estipulado na Lei de Acesso à Informação, a Casa Civil do Estado ainda não respondeu ao pedido feito em 19 de abril pelo líder da oposição na Assembleia, Alan Sanches (União Brasil), para que revele o quanto custou a viagem do governador Jerônimo Rodrigues (PT) à China.