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Zema explica fala sobre consórcio Sul-Sudeste após críticas de ministros e governadores: ‘Jamais será para diminuir’

Político mineiro negou que proposta seja separatista e falou em ‘somar esforços’ 

FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, durante reunião presidencial, com governadores dos estados e do Distrito Federal, realizada na cidade de Brasília, DF, nesta sexta-feira, 27

Após ser alvo de críticas de internautas, autoridades e ministros, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), voltou a comentar sobre a formação de um bloco pelos Estados do Sul e Sudeste e negou que a proposta seja separatista. Em publicação nas redes sociais, o político mineiro disse que a “união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões”. “Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união”, escreveu Zema na noite do domingo, 6, no Twitter. A fala acontece após a reação de diferentes membros do governo Lula (PT) e de governadores do Nordeste, que rebateram a proposta do mineiro sobre a frente Sul-Sudeste “contra os Estados do Norte e Nordeste”. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, criticou o governador e ressaltou que a região Norte, principalmente a Amazônia, é de extrema importância para o resto do país: “Não é uma questão de quantidade em termos de peso populacional, é uma questão de trabalharmos com o princípio da justiça ambiental e do PIB dos serviços ecossistêmicos que é gerado por essa região”.

O chamado “Consórcio Nordeste”, que reúne governadores dos Estados nordestinos, também reagiu e afirmou em nota que as declarações de Zema apontam para um “movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste”: “Indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades. A união dos Estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode apresentar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo”.

O ex-presidente da Embratur, Gilson Machado, também repudiou a fala de Zema: “É inadmissível, qualquer fala preconceituosa que se quer ventile a possibilidade de separação do nosso país. Nós temos unidade, povo e riquezas que poucos países do mundo têm. E essa unidade foi construída com sangue de brasileiro, da união de todos nós”. Adversário político de Zema, o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), também criticou as declarações em sua rede social: “Defender os interesses de Minas Gerais é obrigação de todo governante. Mas a matéria prima da federação é a solidariedade. Por isso, essa defesa precisa ser feita com articulação e busca de convergências. Jamais estabelecendo alvos ou discriminando regiões”. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também fez coro às críticas: “É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria”.

Em meio às críticas, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), saiu em defesa da frente proposta por Zema. “A gente nunca achou até hoje que os Estados do Norte e do Nordeste haviam se unido contra os demais Estados do país. Pelo contrário, a união desses Estados em torno de pautas que são de interesse comum deles serviu de inspiração para que a gente possa finalmente fazer o mesmo. Não tem nada a ver com ‘frente de Estados contra Estados’ ou ‘região contra região’, se trata de nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante para o Estados do Sul e Sudeste”, afirmou. De acordo com Leite, entre as pautas de interesse comum, estão questões tributárias, enfrentamento à pobreza, governança federativa, proteção ao meio ambiente, defesa do agronegócio e enfrentamento ao crime. “Entre essas pautas não está descriminar, desunir e desintegrar nenhuma parte da federação, porque nós vamos ser todos mais fortes, quanto mais formos todos uma só nação. É nisso que eu acredito”, declarou o governador gaúcho. Aliado de Zema, Leite é apontado por ele como um potencial candidato à presidência nas próximas eleições.

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