São Paulo — Após uma disputa que se arrastou por mais de um ano, o PSDB de São Paulo definiu, nas duas últimas semanas, nomes para liderar o partido no estado e na capital. A conclusão desse processo indica uma tendência de apoiar a candidatura de Tabata Amaral (PSB) para a Prefeitura nas eleições de outubro.
Na semana passada, o ex-senador José Anibal foi indicado a presidente do diretório municipal do partido (foto de destaque) — em um mandato que, embora provisório, vai durar até dezembro, o que lhe dará controle da legenda na cidade durante as eleições. Já o ex-deputado Marco Vinholi foi eleito, na última quarta-feira (6/3), presidente do diretório estadual.
Anibal foi escolhido pelo presidente nacional do partido, Marconi Perillo, com uma missão: “dar protagonismo” à legenda em São Paulo, cidade onde o PSDB nasceu, como parte de um processo de reconstrução da sigla em todo o país.
A tarefa não é simples. Na esfera municipal, o partido passa por uma profunda divisão entre filiados — parte apoia o mandato do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e parte o rejeita. A divisão, em linhas gerais, é marcada por aqueles que detêm ou não cargos públicos. Sete dos oito vereadores do partido já disseram que deixarão o PSDB caso a sigla não apoie a reeleição do prefeito.
Na última terça-feira, Anibal esteve com a bancada, em uma reunião na Câmara Municipal, em que o caminho para a recuperação desse protagonismo foi detalhado: garantir a indicação do nome do candidato a vice para Nunes, lançar um candidato próprio ou, como alternativa, indicar um vice para Tabata.
Por exclusão, segundo dois tucanos ouvidos pelo Metrópoles, apenas o apoio à deputada federal é uma opção que pode se concretizar.
Isso porque o vice de Nunes, segundo eles, tende a ser alguém próximo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Jair Bolsonaro (PL), o que mina as chances de um nome tucano. Além disso, a candidatura própria esbarra na falta de nomes viáveis.
Candidatura própria Até o momento, as opções de nomes próprios que os tucanos discutem são os do próprio Anibal e do ex-vereador Andrea Matarazzo. Diante de retrospectos de baixa votação em eleições passadas, contudo, nenhuma das alternativas anima.
Tabata, por outro lado, vem conversando com integrantes do partido e derrubando entraves a seu nome, além de contar com o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, ex-tucano que ainda tem interlocução com filiados do partido.
A recomposição com Nunes se mostra difícil, também, por uma atitude do prefeito que desagradou tucanos remanescentes. O prefeito destacou o secretário-executivo de Governo, Diego Soares, um de seus principais auxiliares, para ajudar a realocar os vereadores que estão de saída do PSDB no MDB, no PSD e no Podemos. O objetivo foi distribuir os aliados entre as legendas de tal modo que eles já chegassem em posição de destaque nas novas chapas.
Reconstrução estadual No plano estadual, o objetivo do partido é tentar reverter a tendência de encolhimento vivenciada desde 2022, quando Rodrigo Garcia perdeu o comando do Palácio dos Bandeirantes para Tarcísio.
“Estamos montando candidaturas para prefeitos e vices e compondo chapas em 150 cidades”, disse Vinholi ao Metrópoles. Ele destacou que o partido deve lançar ao menos 100 candidatos para prefeitos.
A lista de cidades em que a legenda aposta suas fichas inclui São José dos Campos, Taubaté, Taboão da Serra, Carapicuíba, Piracicaba, Santo André e São Bernardo do Campo.
Vinholi calcula que o partido tenha cerca de 500 ex-prefeitos entre os filiados. A estratégia é tentar aproveitar o recall eleitoral desses membros, além de dar oportunidade a vereadores que queiram se aventurar no Executivo.