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Marília Arraes anuncia apoio à reeleição de João Campos no Recife após ataques mútuos

Foto: Divulgação

João Campos e Marília Arraes durante anúncio de aliança em Beberibe, zona norte do Recife 02 de abril de 2024 | 21:31

João Campos e Marília Arraes deixaram para trás os ataques mútuos da campanha eleitoral de 2020 e selaram uma aliança nesta terça-feira (2). A ex-deputada declarou apoio à reeleição do prefeito do Recife.

Primos de segundo grau, João e Marília gravaram um vídeo e tiraram fotos na periferia da cidade. Marília afirmou, por meio de nota, que as rusgas estão superadas.

“Para quem tem compromisso com a população, de verdade, a política do rancor ou do retrovisor não tem espaço. O que importa é a soma de esforços para multiplicar os resultados que o Recife começou a apresentar. Hoje, anunciamos o apoio à reeleição do prefeito João Campos e fazemos isso de onde sempre estivemos: ao lado do povo”, afirmou Marília em nota divulgada à imprensa.

Nas eleições de 2020, Marília ainda estava filiada ao PT. Uma das peças televisivas elaboradas pelo PSB mostrou um avião com os petistas Gleisi Hoffmann, Aloizio Mercadante e José Dirceu e os dizeres “Cuidado, eles querem mandar no Recife”. Em paralelo, aliados do PSB recuperaram um trabalho de Marília na faculdade sobre aborto, além de explorar escândalos de corrupção do PT.

Já Marília insinuou que João não teria preparo para ser prefeito por causa da idade. “Prefeitura não é pirulito pra gente dar pra um menino”, disse. Também criticou as sete operações da Polícia Federal durante a gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB) sobre supostas irregularidades em compras de respiradores e itens de saúde durante a pandemia.

Com a aliança, João Campos e Marília Arraes se consolidam na trincheira de oposição à governadora Raquel Lyra (PSDB). O grupo tentará voltar ao poder em 2026, após as derrotas em 2022, quando Marília perdeu no segundo turno para a atual gestora e o PSB, partido de João Campos, sequer foi à etapa final da eleição.

Uma pista de que as relações entre João e Marília estavam menos tensas foi durante o segundo turno de 2022, quando o prefeito subiu no mesmo palanque de Marília ao lado do então candidato à Presidência Lula (PT). No segundo turno, ela recebeu apoio brando do PSB, que disse seguir a orientação de Lula em Pernambuco. O partido sequer citou o nome de Marília Arraes na nota de apoio.

Para 2026, João Campos é cotado como candidato a governador pelo PSB. Ele ainda não decidiu se entrará na disputa, já que a avaliação do governo de Raquel Lyra será determinante para uma candidatura, caso ele seja reeleito prefeito em 2024.

Marília Arraes não externou publicamente, mas quer ser candidata a senadora na chapa de João Campos. Para conseguir, terá que superar concorrência acirrada, a começar pelo ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União Brasil) e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), que estão na disputa para serem candidatos a senador numa eventual coligação de João Campos. Outro possível candidato é o senador Humberto Costa (PT).

A expectativa é que João Campos ajude o Solidariedade, partido comandado por Marília em Pernambuco, a montar uma chapa para eleger ao menos um vereador e ter representatividade na Câmara de Vereadores do Recife.

O movimento de união de João e Marília também dá trégua interna na família Campos-Arraes. Agora, há praticamente uma unanimidade em torno de João, já que o tio de João Campos, o advogado Antônio Campos, irmão de Eduardo, fez elogios públicos ao prefeito após anos de atritos.

Marília Arraes era filiada ao PSB até 2014, quando queria disputar a Câmara dos Deputados, mas o ex-governador Eduardo Campos vetou a candidatura da prima. Segundo aliados próximos à época, ele já visava uma candidatura de João a deputado federal, em 2014 ou 2018. A dúvida era se o primogênito terminaria o curso de engenharia antes ou depois de se candidatar —prevaleceu a primeira opção.

A partir de então, Marília e Eduardo, ambos no PSB, entraram em pé de guerra. Em 2014, Marília fez críticas à condução de Eduardo na disputa pela presidência da Juventude do partido. Na ocasião, ela queria eleger um aliado próximo, enquanto a ala de Eduardo defendia João Campos para o cargo.

Na eleição daquele ano, em que Eduardo concorria ao Planalto, Marília abriu uma divergência interna no PSB e fez campanha pela reeleição de Dilma Rousseff (PT) à Presidência e a Armando Monteiro para o Governo de Pernambuco, contra Paulo Câmara, do PSB.

Quando Eduardo morreu, em 13 de agosto de 2014, Marília tentou ir ao velório, mas a família Campos mandou sinais de que ela não seria bem-vinda, pois tinha feito críticas duras ao primo.

Marília trocou o PSB pelo PT para concorrer à reeleição como vereadora do Recife em 2016. Em Pernambuco, PSB e PT estavam rompidos desde 2014 devido à disputa presidencial, e assim seguiram em 2016, com os pessebistas apoiando o impeachment de Dilma.

Com o apoio da militância petista, a então vereadora lançou pré-candidatura a governadora. Com o governador Paulo Câmara mal avaliado, o PSB articulou a retirada da pré-candidatura dela junto à direção nacional do PT em troca do apoio do PSB pernambucano à candidatura de Fernando Haddad (PT) para presidente em 2018, com aval de Lula, que estava na prisão.

Em 2022, Marília deixou o PT para ser candidata a governadora pelo Solidariedade.

José Matheus Santos/Folhapress

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