O número de mortes de bebês durante o parto obteve um aumento de 13% entre os anos de 2020 a 2023, na rede estadual de saúde pública da Bahia. Os dados foram constatados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
O levantamento mostrou que de 2020 até 2024 foram registrados cerca de 702 óbitos do tipo. Deste número, 135 ocorreram em 20; 137 em 21; 144 em 22 e 153 em 23. Neste ano, foram notificados até última atualização na última sexta-feira (8). As taxas de casos do tipo também tiveram um crescimento, indo de 4,9% para 7,4%.
No pós-parto, o número também subiu, indo de 2 em 2020 para 6 em 2023. O óbito fetal, que acontece durante a gestação, diminuiu e foi de 2419 para 2220, no comparativo do mesmo período.
MORTALIDADE MATERNA
A morte materna, quando ocorro o óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, também foi apresentada no estudo. A morte é decorrente de qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez, ou por medidas tomadas em relação a ela.
Entre os anos de 2017 a 2021 foram identificadas cerca de 70,8 mortes maternas a cada 100 mil nascidos vivos. O número é considerado alta para a meta de 30 mortes/100 mil nascidos vivos pactuada pelo Brasil com a Organização Mundial de Saúde (OMS) até 2030.
Porém, após o período foi notificado uma queda de casos na rede estadual de saúde pública baiana, entre 2021 a 2024. Os casos obtidos foram de 200 em 2021; 104 em 2022; 102 em 2023 e 77 até o mês de novembro deste ano.
Segundo a médica ginecologista e obstetra, Tatiana Aguiar não há uma explicação específica que influencia o óbito neonatal. Porém, de uma forma geral, a prematuridade é uma das questões que impactam neste crescimento, em conjunto com a falta de assistência pré-natal.
“É difícil definir a causa dos óbitos neonatais sem uma análise mais profunda. Mas, de forma geral, a principal causa de óbito neonatal é a prematuridade, ou seja, nascimento antes das 37 semanas de gestação completas. Os principais fatores que influenciam estão associados a falta de uma assistência pré-natal adequada. É no pré-natal que conseguimos diagnosticar e tratar as doenças que acometem o binômio materno-fetal”, considerou.
A especialista elencou ainda os cuidados necessários durante o parto. “Diagnóstico adequado da fase ativa do trabalho de parto; acompanhamento da gestante durante o trabalho de parto, avaliando parâmetros maternos (dados vitais, contrações uterinas, dilatação cervical, líquido amniótico) e parâmetros fetais (movimentação do feto, batimentos cardíacos); atenção à fase de expulsão fetal (quando acontece o nascimento) e atenção ao quarto período do parto para evitar as hemorragias”, comentou.
TIPOS DE MORTES MATERNAS
Quatro tipo de mortes maternas são listadas pela Organização Mundial de Saúde e outras entidades do segmento. Entre elas a morte materna obstétrica direta, que ocorre por complicações obstétricas durante gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a outros acontecimentos decorrentes do problema. Nos últimos 4 anos foram 361 casos deste tipo.
A morte materna obstétrica indireta ocorre devido a doenças que já existiam antes da gestação ou que foram desenvolvidas durante o período, não sendo acometidas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. No período dos quatro anos foram 252 do tipo.
Já a morte materna não obstétrica acontece devido a fatores acidentais ou incidentais, a exemplo de acidentes de carro, transporte, entre outras fatalidades, foram 18 situações.
A morte materna tardia acontece após um período superior a 42 dias e inferior a um ano após o término da gravidez não foi notificada no estado.