A troca na chefia da Secretaria de Comunicação Social, anunciada nessa terça (7/1) pelo governo Lula, tirou dois ministros palacianos do centro das discussões sobre a próxima reforma ministerial.
São Márcio Macedo (Secretaria Geral) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), nomes até então vistos como alternativas de demissão para acomodar Paulo Pimenta quando sua saída da Secom se confirmasse.
Interlocutores do presidente Lula apontaram que, caso ele quisesse Pimenta no lugar de um dos seus ministros palacianos, a troca seria anunciada em conjunto, o que não ocorreu.
Num cenário de mudança pontual na Secom, com uma reforma ministerial ampla esperada somente para depois de março, uma demissão seguida de uma eventual reintegração à Esplanada é um movimento improvável.
A aliados, porém, Pimenta ainda demonstrou vontade de permanecer no Executivo. Após sua saída da Secom, ele entrará de férias e há expectativa de novas conversas sobre seu futuro. Caso ele não assuma um novo posto na Esplanada, o ministro retoma seu mandato de deputado. O PT, inclusive, já busca espaços para acomodá-lo no Congresso.
Uma alternativa avaliada pelo Planalto é trocar a liderança do governo na Câmara. Segundo a cúpula do partido, porém, Pimenta só assumiria o lugar de José Guimarães (PT-CE) caso o atual líder se tornasse ministro de alguma pasta importante, como Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Pensando no retorno de Pimenta à Câmara, a legenda já estuda onde acomodar sua suplente, Reginete Bispo. A deputada gaúcha, que ocupa a vaga do ministro na Casa, poderia ser aproveitada no Ministério das Mulheres ou no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ela tem histórico político ligado às pautas raciais, de gênero e de agricultura familiar e quilombola.
Uma mudança na liderança do PT está descartada porque o cargo acabou de ser assumido pelo deputado Lindbergh Farias (RJ) e está prometido a Pedro Uczai (SC) em 2026, último ano do governo Lula 3.
Primeiro petista a deixar ministério
O ministro da Secom representa a primeira retirada de um nome do PT no quadro de ministros do governo Lula 3. O partido, agora, busca onde acomodá-lo, mas enfrenta dificuldades.
O general Gonçalves Dias foi o primeiro a deixar a Esplanada do governo Lula 3. Ele saiu do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em abril de 2023. Em julho do mesmo ano, o Ministério do Turismo trocou Daniela Carneiro por Celso Sabino, ambos do União Brasil.
Em setembro, a ministra do Esporte, Ana Moser, também teve que deixar o cargo para alocar André Fufuca. Ela não tinha partido e abriu espaço para o deputado, correligionário de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. Enquanto isso, Márcio França (PSB) saiu do Ministério de Portos e Aeroportos para a entrada de Silvio Costa Filho. França foi reposicionado para a pasta de Micro e Pequenas Empresas.
Em 2024, Flávio Dino deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública após ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF). O atual chefe da pasta é Ricardo Lewandowski. Em setembro, Lula demitiu Silvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos, após denúncias de assédio sexual.