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A articulação de Wagner para emplacar Rui na Casa Civil e o cerco do TCE na ALBA e na Sedur do Estado

Articulação oculta
A articulação que levou o governador Rui Costa (PT) a ser confirmado como ministro da Casa Civil do governo Lula foi capitaneada pelo senador Jaques Wagner (PT). O anúncio oficial foi feito nesta sexta-feira (9) em Brasília pelo próprio Lula, que confirmou também outros quatro nomes para pastas federais. Fontes da coluna revelaram que Wagner teria lugar garantido na Esplanada dos Ministérios, mas optou agora por uma vida mais tranquila e não quer ser ministro. Contudo, ainda pretende manter forte influência sobre o governo e conduziu toda a movimentação que levou Rui à Casa Civil. Interlocutores contam que Wagner quer ser o principal articulador do governo Lula no Senado e está de olho na presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, cujas atribuições envolvem a política externa do país. 

Olho em 2026
Com a confirmação de Lula de Rui na Casa Civil e o ex-ministro Fernando Haddad (PT) na Fazenda, foi dada a largada para uma guerra fria entre os dois petistas para a sucessão do presidente eleito, que já declarou que não será candidato à reeleição. As duas pastas, vale ressaltar, estão entre as de maior destaque no governo federal. De acordo com interlocutores com trânsito no PT, Rui quer ser uma espécie de “nova Dilma”, uma vez que a ex-presidente petista foi chefe da Casa Civil no segundo governo de Lula e foi a escolhida do cacique petista para a eleição de 2010, da qual saiu vencedora. 

Sonho adiado
Interlocutores com trânsito no Palácio de Ondina revelaram que o governador Rui Costa deve adiar o “sonho” de colocar a esposa, Aline Peixoto, no Tribunal de Contas. A avaliação, segundo eles, é que há agora uma repercussão negativa em torno do caso, o que pode prejudicar os planos de Rui nacionalmente, principalmente após ele ter sido confirmado como ministro no governo Lula. Contudo, no futuro, eles dizem que o governador teria confidenciado que ainda pretende ver a esposa, que é enfermeira, na Corte de Contas, cujo cargo é vitalício. 

Contrato suspeito
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) acatou uma denúncia contra a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) por supostas irregularidades na contratação de empresa para serviços de abastecimento de veículos oficiais, a Nutricash Serviços Ltda., no valor de R$ 11,2 milhões. A Corte de Contas ainda determinou que a Casa Legislativa não prorrogue o contrato com a Nutricash, cuja vigência termina em abril do próximo ano. No julgamento do caso, os conselheiros entenderam que a modalidade de contratação deveria ser por pregão eletrônico, enquanto a contratação da empresa ocorreu na modalidade presencial. Eles determinaram também que, em licitações futuras, a ALBA dê prioridade a pregões eletrônicos, “com o intuito de maximizar a ampla concorrência no certame e, assim, obter a proposta mais vantajosa para a Administração Pública”. 

Problemas futuros
O caso pode gerar problemas na prestação de contas do presidente da ALBA, deputado Adolfo Menezes (PSD). Isso porque o TCE também determinou que a denúncia, feita por uma outra empresa, seja incluída na prestação de contas de 2022 do Legislativo estadual, cuja responsabilidade é do atual presidente. Por fim, a Corte ainda recomendou à Casa a realização de um “estudo aprofundado” das suas reais necessidades de combustível com o objetivo de identificar, entre outros pontos, o consumo médio real. 

Cadê o dinheiro?
O TCE determinou apuração de graves irregularidades da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado (Sedur) que provocaram, segundo apontam as evidências, dano aos cofres da Bahia em mais de R$ 2,2 milhões. O relatório da Corte aponta que o estado realizou um pagamento neste valor à Fundação Nacional da Saúde (Funasa) a título de devolução. Os recursos referem-se a uma obra antiga em Macaúbas que não foi concluída, mas a verba foi enviada ao estado por meio de convênio. Como a intervenção não saiu do papel, a Funasa pediu o dinheiro de volta, mas o governo não tinha a totalidade dos recursos em conta e utilizou fundos da conta única do estado para fazer a devolução. Em suma, os indícios apontam que o dinheiro do convênio “sumiu” com o tempo, a obra não foi realizada e o governo, para devolver os recursos, usou grana dos cofres baianos. 

Emergentes de Jerônimo
A equipe de transição do novo governo na Bahia passou a lidar com uma preocupação adicional diante do apetite voraz de alguns aliados por cargos e espaços. Boa parte do embate se dá entre auxiliares que até então viviam no baixo clero do jogo político, mas que agora julgam merecer recompensa mais vistosa pelo trabalho desempenhado na campanha eleitoral. Soma-se a isso a possibilidade de muitos nomes da primeira prateleira subirem para o governo federal, o que acentua ainda mais a ambição dos emergentes, com quem Jerônimo terá que lidar se realmente apostar na renovação. Por outro lado, a sede da turma é tamanha que alguns movimentos tiveram que ser freados ainda em fase de concepção. 

Compasso de espera
Eles, a propósito, já foram flagrados reunidos numa mesma mesa discutindo abertamente como cada um pretende se mover na próxima gestão. Por ora, os emergentes de Jerônimo estão em compasso de espera pela montagem do governo federal e seu efeito cascata na Bahia. De todo modo, a “nova gestão” começa sob a velha pecha do empreguismo petista. A Bahia vem depois.

O favorito I
O deputado estadual Alan Sanches (União Brasil) é considerado o favorito para liderar a bancada de oposição na Assembleia Legislativa a partir do próximo ano. Com um perfil técnico e considerado exímio conhecedor do Regimento Interno, Sanches é apontado por parlamentares oposicionistas como o principal nome para suceder Sandro Régis (União Brasil), que já anunciou que não permanecerá no posto. Deputados comentam que Sanches, inclusive, já tem a maioria dos apoios para comandar a liderança. 

O favorito II
Na base governista, a tendência é que o deputado Rosemberg Pinto (PT) permaneça na liderança. Ele tinha a concorrência interna de Osni Cardoso (PT), que havia caído nas graças do governador Rui Costa e de Jerônimo Rodrigues. Contudo, internamente, parlamentares contam que Rosemberg conseguiu se articular bem para seguir na liderança. 

Dois pés atrás
Osni, por sua vez, é considerado o principal favorito para comandar a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), pasta que já foi ocupada por Jerônimo. A escolha, contudo, não caiu bem entre integrantes petistas ligados à agricultura familiar, que gostam do perfil do atual titular da SDR, Jeandro Laytynher Ribeiro, considerado o grande responsável por políticas públicas adotadas pela pasta nos últimos anos (inclusive no período de Jerônimo) e, também, pela articulação com os movimentos sociais. 

Sem força
Deputados federais aliados ao governo consideram remotas as chances de o senador Otto Alencar (PSD) assumir o Ministério da Saúde. Primeiro, argumentam que caciques do PT estão resistindo a liberar a pasta, considerada uma das mais robustas, para outra legenda. E, em segundo lugar, acreditam que Lula deve buscar um nome mais técnico e até de fora da política.

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