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A culpa é do sabonete: inflação mais que dobra para itens de higiene e limpeza

A perda do poder de compra não atinge mais somente o bolso do consumidor. A inflação agora dá para sentir também na pele. Uma pesquisa realizada pela consultoria Kantar e divulgada no Estadão aponta que segundo trimestre de 2022, cresceu 9% o número de banhos sem uso de sabonete entre os que tomam o segundo banho diário, comparado ao mesmo período de 2018, um pouco antes da pandemia.

E a moderação do uso do sabonete tem um motivo. Ainda com base no levantamento, o crescimento de banhos sem sabonete atinge somente os consumidores das classes D e E, que tem renda média individual de R$ 791,63, um pouco mais que a metade de um salário mínimo. Atualmente, 70% da população toma dois banhos todos os dias.

Acredite, nem um banho simples conseguiu escapar do impacto da alta de preços, transformando o sabonete em vilão. Dados de agosto do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos oito meses, a alta acumulada no grupo de itens de higiene foi de 11,85%. O sabonete foi o produto que mais subiu com alta de 20,95%, enquanto produtos para pele ficaram 18,48% mais caros, e os perfumes, 15%. 

“Diante do aumento dos custos, o consumidor vai substituir marcas, racionalizar o uso para durar mais ou, no caso das famílias de renda mais baixa, até deixar de comprar alguns produtos   para comprar o é essencial”, explica a doutora em Economia e professora na Unijorge, Juliana Guedes.

Não é só os produtos de higiene que estão pesando no orçamento do consumidor. Os itens de limpeza subiram 13,05%. Nesse caso, o produto que  mais subiu foi o sabão em pó, com alta acumulada de 17,66%. Em seguida veio o amaciante e alvejante, que subiram 12,90%. O aumento é justificado pela oferta dos insumos e custos com logística, como acrescenta Juliana.

“Tanto os itens de higiene como os de limpeza tiveram os preços elevados pelo câmbio, já que uma parte dos insumos é importada. Além disso, a escassez de matérias-primas na cadeia de produção de global e o aumento dos custos com transporte e energia contribuíram para que a compra desses produtos pesasse mais no orçamento. Tudo isso acaba sendo repassado no preço final para o consumidor”.

Só o essencial e o mais barato
Se antes a professora Marinalva Souza, 50 anos, comprava o sabonete no primeiro supermercado que entrava, hoje ela tem pesquisado bastante antes de colocar no carrinho qualquer item de higiene e limpeza. “Percebi um aumento muito significativo não só no sabonete, mas também no preço do creme dental, desodorante. Os itens de limpeza  como amaciante, detergente e sabão são mais produtos que vi o preço subir. Se antes, eu gastava R$ 200, hoje, esse valor chega a quase R$ 300. A diferença do acréscimo de uma semana para outra, assusta. Não tem outro jeito senão pesquisar bastante antes de levar qualquer coisa para casa”, afirma.

A saída para a auxiliar de desenvolvimento infantil Janice Santana, 46 anos, foi fazer algumas substituições. “Troquei de água sanitária. Gosto muito de uma marca mais conhecida porque ela faz o serviço pesado e também ajuda a alvejar a roupa, porém, tive que substituir por outra, o preço estava muito alto. Ela custava R$ 2,50, hoje chega a R$ 4,50, a depender do mercado”.

Janice conta que deixou de ter preferência quanto a marca do papel higiênico. Compra sempre o que estiver com o melhor preço. “Hoje levo o que está com um valor acessível ao meu bolso. Realmente está tudo muito caro e a gente tem que procurar onde o valor está mais em conta porque qualquer R$ 1 real de economia já serve para levar outras coisas”, completa.

E na hora de comprar itens de limpeza e higiene não é exagero tentar economizar centavo por centavo, principalmente porque a inflação dos produtos de higiene pessoal e de itens de limpeza é mais que o dobro do IPCA-15 geral de 5,02%.  Para o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Edval Landulfo, o maior problema é pagar mais caro vários itens, ao mesmo tempo, com um salário que não comporta tanto aumento. 

“As pessoas vão priorizar a alimentação. E essa economia acaba sobrando para os itens de higiene, principalmente, para a população que ganha de um a três salários mínimos”, comenta.

Landulfo destaca alguns conselhos que podem ajudar o consumidor. Além de fazer uma boa pesquisa, o caminho é aproveitar as promoções, experimentar marcas alternativas e ficar atento as informações do rótulo.

“Existem produtos que você pode diluir em água sem perder a qualidade e as pessoas não sabem. Essa utilização de maneira adequada e sem desperdício pode trazer uma economia significativa”. Outra dica é fazer a conta de qual embalagem vale mais a pena, comparando o preço com a quantidade.

“É mais um cálculo que a gente não pode mais deixar de lado. Colocar no papel mesmo o preço, o peso, ml e tamanho do produto. Se você der preferência, por exemplo, a comprar um desodorante roll-on ao invés do aerossol que acaba mais rápido, vai ter aí um benefício na quantidade e frequência de compra desse item”.
 

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