São Paulo – A liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) determinou nesta quarta-feira (22/3) que todos os assessores de sua bancada abandonem a fila para protocolar pedidos de CPIs na Casa e avalia levar o caso à Justiça.
A decisão foi tomada um dia após a base do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) iniciar, com três de dias de antecedência, uma fila de protocolo de CPI que inviabilizou os petistas de emplacarem uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Alesp antes de 2026, conforme relatado pelo Metrópoles.
O PT, segunda maior bancada da Casa, com 18 deputados, argumenta ter sido pego de surpresa, pois esperava que os protocolos para as CPIs fossem feitos de forma virtual e não presencial. Desde a semana passada, o sistema virtual da Alesp está fora do ar para que deputados novatos possam se integrar.
“Nossa bancada decidiu buscar instrumentos jurídicos para tentar inviabilizar a fila, porque o pessoal da base do governo teve informação privilegiada da situação da fila, inclusive que cada pessoa ia tirar apenas uma proposição. Ficaram sabendo dessa informação na terça, sendo que o ato [com a determinação de que os protocolos seriam feitos presencialmente] só foi divulgado na quarta-feira”, disse o deputado Luiz Claudio Marcolino (PT), líder em exercício da bancada na Casa.
Madrugada na filaServidores ligados ao PL e ao Republicanos, partidos que integram a base do governo Tarcísio, começaram a formar a fila em frente ao plenário da Alesp antes das 7h de terça-feira, três dias antes da abertura do sistema para receber os protocolos.
Por determinação do presidente da Casa, André do Prado (PL), cada assessor só poderá protocolar uma única proposição de CPI, algo que difere de anos anteriores, quando servidores entregavam diversos pedidos de uma só vez.
Os assessores receberam senhas e só podem deixar o local, mesmo que para ir ao banheiro, se forem substituídos por colegas do mesmo gabinete. Isso exclui a possibilidade de outra pessoa que também esteja na fila vigie o lugar, ainda que de forma temporária.
O deputado Eduardo Suplicy (PT) sugeriu na terça-feira no plenário da Alesp que um acordo fosse costurado para garantir que governo e oposição tivessem, pelo menos, uma CPI cada. Uma reunião do colégio de líderes foi marcada para a manhã desta quarta, mas as bancadas não chegaram a um consenso.
CPIsNa semana passada, o Metrópoles mostrou que a bancada do PT começou a colher assinaturas para protocolar ao menos duas CPIs incômodas ao governo Tarcísio. Uma para investigar o episódio do tiroteio durante uma agenda de campanha do governador em Paraisópolis, no ano passado, e outra para apurar os contratos que a empresa do secretário da Educação, Renato Feder, tem com a pasta que ele comanda. O caso foi revelado pelo Metrópoles.
Já na base aliada do governo correm pedidos de CPIs que buscam investigar invasões de terras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e procedimentos de transição de gênero em menores de idade no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).