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Amigos juntam dinheiro por 4 anos e viajam para Copa pela 1ª vez

Bruno, Djalma e Murilo: rivais no futebol paulista, amigos na vida e na Copa do Mundo

Essa história começa na final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia. A aproximadamente 11,8 mil quilômetros do Estádio Lujniki, onde a França bateu a Croácia e sagrou-se bicampeã mundial, o gestor de carteiras Bruno Rocha teve a ideia de jogar no grupo de WhatsApp com outros 19 amigos a proposta de juntarem dinheiro, a partir daquele dia, para curtirem a Copa seguinte.

“Pensei: pô, a gente tem quatro anos para se programar, é mais uma questão de disciplina financeira do que qualquer outra coisa”, conta o paulista que, de forma unânime dentro do grupo, é considerado o mais organizado no quesito finanças. Bruno usou dos seus conhecimentos técnicos para fazer uma projeção do que era necessário para a viagem e, depois de alguns cálculos, chegou ao valor mensal de R$ 300 de cada um.

Só que nem todo mundo achou uma boa ideia. “Ninguém acreditou que iria dar certo. Só dois aderiram”, comenta Bruno, corintiano roxo, que, por ironia do destino, recebeu a bordo um são-paulino e um palmeirense. “Rola uma zoação entre a gente, mas nossa amizade está acima disso”, brinca o analista financeiro Djalma Maciel, palmeirense, que há um ano vive nos EUA.

“Bruno é o mais organizado, a gente só jogava o dinheiro na mão dele e ele administrava. Costumo brincar que poupávamos uma pizza por semana, porque é basicamente isso mesmo”, explica o empresário Murilo Medeiros, torcedor do São Paulo e dono de uma escolinha de futebol na capital paulista.

Durante os quatro anos de preparativos, o projeto fez também com que os amigos estivessem ainda mais próximos uns dos outros. “Como é um prazo longo, de quatro anos, a cada nova notícia sobre a Copa, a gente já se juntava ali. Início da venda dos ingressos, discutindo passagem, vendo opções de hospedagem”, comenta Bruno, o dono da ideia.

Um ponto importante é que ficou definido, desde o início, que eles só fariam o que estivesse dentro do orçamento estipulado pelo grupo, que precisava incluir passagens aéreas, hospedagem e ingressos. “A gente acordou que o dinheiro era dos três. Se a passagem do Bruno fosse R$ 2 mil e a do Murilo R$ 3 mil, o dinheiro saía desse fundo coletivo, para que seja de uma forma igualitária”, explica Djalma.

Alimentação e outras despesas pessoais não estavam inclusas neste orçamento maior, mas cada um dos três levou a mesma quantia destinada para tais gastos e a dinâmica segue a mesma. “A gente vai comer todo mundo no mesmo lugar e a conta é paga desse dinheiro, para que todos vivam exatamente a mesma experiência”, conclui o palmeirense.

Com a grana, será possível ficar no Catar por uma semana. O trio desembarcou em Doha na madrugada de sábado (3), um pouco depois da derrota do Brasil para Camarões na última rodada da fase de grupos. Desde então, eles foram para três jogos. Viram de perto a vitória da Inglaterra por 3×0 sobre Senegal, a goleada brasileira por 4×1 diante da Coreia do Sul e, na terça-feira, outra goleada: Portugal 6×1 Suíça.

Murilo, Bruno e Djalma juntos no Estádio 974, no dia da goleada do Brasil sobre a Coreia do Sul
(Foto: Victor Pereira/Especial para o CORREIO)

Para Djalma, já valeu a pena. “A gente tem uma frase: ‘É épico!’. É indescritível o que estamos vivendo aqui. Saímos do Lusail (palco de Portugal 6×1 Suíça), olhamos para trás, ficamos olhando o estádio lá, bonitão, falei: ‘Nem foto e nem vídeo consegue mostrar o que foi isso aqui’. É de arrepiar”.

O único gasto não previsto pelo orçamento inicial é o jogo de sexta-feira (9), entre Brasil e Croácia, pelas quartas de final. A passagem de volta está comprada para o sábado (10) e, com a classificação brasileira, o trio decidiu gastar um pouco mais para ver a Seleção em campo novamente.

Diante do case de sucesso, os amigos prometem repetir o feito, já a partir do retorno às respectivas casas, pensando na próxima Copa do Mundo, que terá três sedes, em 2026: Estados Unidos, Canadá e México. “A gente já sabe quais são os problemas, onde pode dar problema, onde não pode, então consegue melhorar ainda mais o planejamento”, acredita Bruno.

De acordo com ele, a experiência não será restrita a eles nem a projetos envolvendo futebol. “Inclusive, as nossas esposas vão começar a fazer uma coisa bem parecida. Ainda não sabemos exatamente para o que farão, mas sabemos que vai ser um modelo a ser seguido para que elas tenham também o momento de diversão delas com as amigas”.

Sobre os outros amigos do grupo do WhatsApp que ficaram no Brasil, estes acompanham o Mundial pela TV e, através das redes sociais, a jornada do trio em terras cataris. “Faltando 15 dias para a Copa começar, teve dois ou três que falaram ‘ah, mas se tivesse me falado, eu tinha ido também’. Aí a gente responde: ‘Não, a gente falou para todo mundo’!”, comenta Djalma, em tom de brincadeira.

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