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Ato pela memória de Dom Phillips e Bruno Pereira reúne estudantes no Farol da Barra

A manifestação em homenagem a memória do indigenista brasileira Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, assassinados há exatamente um ano, no dia 5 de junho de 2022, durante uma viagem pelo Vale do Javari, no Amazonas, aconteceu debaixo de chuva e céu nublado na tarde desta segunda-feira (5), no Farol da Barra, em Salvador. Cerca de 20 pessoas se reuniram no local e usaram da arte para honrar a memória e o legado dos dois.

Com uma peça teatral e música, os ex-alunos de Dom Philips, que dava aula de Inglês em um projeto de extensão da Universidade Federal da Bahia (Ufba), se mobilizaram por volta das 15h. A estudante de Psicologia, Renata Melo, 24, participou do ato e afirmou que aquela era uma oportunidade de não só homenagear Dom e Bruno, mas também ressaltar a necessidade de apoio dos povos originários.

“Foi o momento em que nós, além de relembrar a trajetória dele e o legado que ficou, também ressaltamos a importância da proteção da região da Amazônia e dos seus habitantes. Frisamos que eles não eram aventureiros e que eles morreram seguindo sonhos. Eram pessoas que lutavam por justiça, que acreditavam e se dedicavam a cuidar de outras vidas, seja denunciando as injustiças que são vivenciadas pelos indígenas quanto apoiando nossos jovens”, destacou Renata.

Ela ainda lembrou a participação de Dom no projeto de extensão do qual faz parte. “O Dom fazia parte do nosso projeto, que é o ‘Construindo Comunidades Saudáveis’, ministrava aulas de Inglês para os jovens de forma gratuita, mas ele não só ensinava um novo idioma, como também participava de todas nossas atividades culturais e sempre enriquecia as nossas discussões”, contou.

Também presente no ato, a psicóloga Edlane Leal, 40, afirmou que o clamor dos manifestantes foi por justiça e proteção. “Pedido de justiça pelas mortes deles e por proteção aos povos originários. Fizemos uma homenagem cantando a música Happy Day que Dom ensinou aos jovens a pronúncia e a dança”, disse.

Com atos por todo o Brasil, as manifestações em homenagem a Dom e Bruno foram endossadas pela esposa do britânico, Alessandra Sampaio, que divulgou um vídeo nesta segunda-feira (5) reforçando sua crença na justiça brasileira na missão de julgar os assassinos de Dom e Bruno. “Os assassinos e mandantes são réus confessos, então [julgá-los] é um importante recado que fica para as redes criminosas que atuam no Vale do Javari e em outros territórios”, frisou.

Alessandra, assim como os manifestantes baianos, também pediu proteção aos povos originários e seus territórios. “Hoje é um dia para lembrarmos do Dom e do Bruno, da luta deles, da importância do trabalho deles, que não vai ser em vão. Mas, enquanto não tivermos os territórios protegidos, essa justiça não vai ser feita totalmente. Então, esperamos que esses povos possam viver em paz, com seus modos de vida, com sua proteção e sua conexão com a natureza, porque graças a eles nós temos nossas florestas de pé ainda”, afirmou.

Ativistas podem ser homenageados em Salvador com nome de logradouros públicos

Dois Projetos de Lei, de autoria do vereador André Fraga (PV), quer que Salvador homenageie o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Os Projetos de Lei (PL) 180 /2022 e 181/2022 do vereador estabelecem, caso aceitos, a nomeação de dois logradouros da cidade em homenagem às vítimas do crime ambiental.

Os ativistas morreram há um ano, no dia 5 de junho de 2022, trágica e coincidentemente, Dia Mundial do Meio Ambiente. Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte, quando desapareceram sem deixar vestígios. Dez dias depois, seus corpos foram encontrados esquartejados, queimados e escondidos na floresta. A reserva com mais de oito milhões e meio de hectares é palco de conflitos com o tráfico de drogas, roubo de madeira e avanço do garimpo ilegal.

“As mortes de Dom e Bruno não são exceções. O Brasil foi palco de 342 assassinatos de ativistas na última década, sendo 85% na Amazônia legal, de acordo com relatório da ONG Global Witness. Morreram brutalmente nas mãos de pessoas que tinham atividades ilegais na região. Fazer essa homenagem, portanto, é uma ação simbólica, para que não sejam esquecidos, mas que representa muito em um país que até hoje tem logradouros homenageando genocidas e promotores da destruição de nossa mata nativa”, reforçou o vereador. 

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