A empresária que teve necrose após passar por uma lipoaspiração, em 2020, usou as redes sociais para compartilhar o relato da cirurgia nessa quinta-feira (11/7). “Resolvi me expor para encorajar outras mulheres que passaram, ou até mesmo estão passando pelo que passei”, explicou.
Como revelou a coluna Na Mira, Sayara Karyta de Sousa Rego, de 29 anos, sofreu complicações decorrentes de uma Lipo HD (“High Definition”) ou Lipo LAD – Lipoaspiração de Alta Definição.
No vídeo, ela afirma que a Lipo HD foi “um sonho que virou pesadelo”. Ela sofreu queimaduras na barriga e costas, e, agora, possui uma cicatriz que trata até hoje.
Sayara passou pelo procedimento com Wilian Pires, 37, popularmente chamado de “Médico das Estrelas”, e teve necrose na região do ventre e ficou com queloides severas.
“Tive minha autoestima roubada, não posso usar qualquer roupa, não posso usar biquíni, não posso usar cropped, não posso usar roupas que mostrem as minhas costas. É uma coisa que mexe demais comigo. A gente faz uma cirurgia estética para melhorar nossa autoestima… e acontece o que aconteceu.”
Sayara ainda explicou que, por meio da exposição, espera encorajar outras pessoas que tenham passado por casos semelhantes. “Que minha história sirva de encorajamento para todas as mulheres, para que corram atrás do seu direito e não fiquem caladas.”
“Antes de qualquer procedimento, pesquise bem. Não é só fazer uma cirurgia, é também ter um pós bem acompanhado”, também alertou.
Medo de morrer A empresária havia procurado o “Médico das Estrelas” para remover uma gordura localizada que a incomodava, na região da barriga e das costas. Na consulta pré-operatória, Wilian chegou a dizer que conseguiria definir melhor os músculos da paciente.
Ele também afirmou que os cortes seriam pequenos, com cerca de 1 centímetro cada, e que o resultado final poderia ser observado só após algumas semanas, devido a possíveis edemas e inchaço.
Sayara desembolsou R$ 15 mil para fazer a lipo com Wilian, em Goiânia (GO). No entanto, nos primeiros dias após a operação, estranhou as feridas que surgiram pelo corpo dela e suspeitou que não fossem hematomas comuns de uma lipoaspiração.
Ao procurar o médico, ele teria dito à paciente que, apesar de raras, complicações pós-operatórias poderiam ocorrer, como necrose e queimaduras, mas que nenhuma paciente que ele havia operado até então havia apresentado lesões semelhantes às dela.
“Eu fiquei em choque, chorava. Vi que eu tinha acabado com minha vida ao procurar melhorar fisicamente. Agora, só tenho cicatrizes. Dias depois, tive trombose”, disse Sayara, que acrescentou ter ficado com medo de morrer.
Veja como ficou corpo da empresária:
Em 12 de setembro de 2020, ela procurou a emergência de um hospital particular, com suspeita de trombose. Exames médicos confirmaram o diagnóstico, e ela precisou ser internada.
Como não tinha plano de saúde nem recursos financeiros para arcar com as despesas da internação, a empresária pediu ajuda a Wilian para transferi-la a um hospital público. Contudo, no dia seguinte, após ser medicada e apresentar melhora do quadro, recebeu alta antes da mudança de unidade de saúde.
Necrose avançada Insegura com relação às complicações do pós-operatório, a empresária procurou outro cirurgião plástico para examinar suas lesões. O médico descobriu que havia necrose de grau elevado em grande área no dorso, na altura da cintura e necrose de menor intensidade na região espinha ilíaca esquerda e supra umbilical,
O profissional atestou que as lesões apresentavam afundamento característico de “lipo muito superficial”. Em fevereiro de 2020, cerca de cinco meses após o procedimento estético, a empresária retornou ao médico que fez sua segunda avaliação. Ele indicou tratamento com fisioterapia voltado para recuperação da ferida por 12 meses, e a orientou a iniciar novas condutas apenas quando a pele da região estivesse com “consistência normalizada”.
Segundo o cirurgião, a “necrose pode ter sido ocasionada por infiltração de solução com vasopressor muito concentrada ou muito superficial, ou, lipoaspiração muito superficial”, indicando, assim, a existência de erro médico.
Quem é Wilian Pires? O médico goiano Wilian Pires é formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), fez residência em cirurgia geral no Hospital das Forças Armadas do Distrito Federal (HFA) e cursos nos Estados Unidos, na Colômbia e República Dominicana. O médico é especialista em lipo de alta definição (LipoHD), mamoplastia e mastopexia.
“Comecei a faculdade no Tocantins, depois consegui transferência para Brasília e por lá fiquei em torno de 10 anos até me tornar cirurgião plástico. Fiz e continuo correndo atrás de cursos no Brasil e fora do país a fim de aprimorar as técnicas da cirurgia plástica, trazer, de todos os cantos do mundo, o que temos de melhor na área e na experiência do paciente, para nossas estrelas”, diz ele nas redes sociais.
Entre as celebridades atendidas pelo médico, estão a ex-BBB Paula Freitas e a influencer Paula Carolyne.
Condenação No último dia 27, Wilian foi condenado a dois anos de prisão e 10 dias-multa, calculados em cima de um trigésimo do salário mínimo vigente à época dos crimes, segundo decisão a qual o Metrópoles teve acesso. Ao médico, contudo, foi ofertada pena restritiva de direitos no lugar da pena restritiva de liberdade. Além disso, ele poderá recorrer ao processo em liberdade.
“O denunciado foi condenado pela prática de associação criminosa e estelionato. As penas de reclusão devem ser somadas na forma do artigo 69 do Código Penal. Assim, procedo à cumulação das penas, resultando a pena, definitivamente, em dois anos de reclusão e 10 dias-multa, calculados à razão de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato”, disse o juiz responsável pelo caso.
Veja imagens de viagens postadas pelo médico nas redes sociais:
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Wilian Pires comemorou um dos aniversários em Fernando de Noronha (PE)
Reprodução/Instagram
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Médico ostenta vida de luxo nas mídias sociais
Reprodução/Instagram
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Ele também esteve no Egito
Reprodução/Instagram
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E passeou por outros países africanos
Reprodução/Instagram
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Wilian Pires estava entre alvos de mandado de busca cumprido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
Reprodução/Instagram
Navio fantasma Em 2020, Wilian Pires se tornou alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos no âmbito da Operação Navio Fantasma, desencadeada pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) da PCDF.
O médico, segundo as investigações, forjou o incêndio que destruiu um barco de luxo de 50 pés. A lancha foi incendiada em 11 de dezembro de 2019, por volta das 20h, às margens do Lago Corumbá, em Caldas Novas (GO).
O cirurgião teria assinado o seguro do barco e se intitulou dono do bem. Em seguida, com ajuda de comparsas, simulou o incêndio para receber o dinheiro do seguro. Os valores chegariam a quase R$ 800 mil.
Os investigadores da DRF foram ao apartamento do médico, na 403 Norte, em Brasília, mas não o encontraram. À época, ele estaria em Goiânia, onde atendia pacientes interessados em passar por procedimentos estéticos.
Outro lado Procurado pela coluna, o médico informou, por meio de nota, que “ainda não foi notificado oficialmente da decisão judicial que o condena por prática de associação criminosa e estelionato, no caso do incêndio de uma lancha em 2019 no Lago Corumbá, em Caldas Novas. A equipe jurídica do médico deve recorrer e prestar todos os esclarecimentos à Justiça. Apaixonado por viagens, Wilian Pires está em viagem com os pais no Canadá, onde também aproveita pra trocar experiências com outros cirurgiões plásticos”, diz o texto.
Leonardo Nascimento e Raquel Alves, advogados de Sayara, dizem que, embora o recurso tenha sido parcialmente provido para aumentar a indenização, o valor fixado pelo TJDFT ainda não é suficiente para compensar o dano moral e estético que a empresária sofreu. “Além disso, não leva em conta a capacidade econômica do réu, evidenciada por uma vida de luxo que ostenta em suas redes sociais”, dizem, em nota.