Prometendo um investimento rentável e seguro em lojas de chocolates no Distrito Federal, o bombeiro militar Laudiney Martins Arruda é acusado por três colegas de farda de enganá-los e de embolsar R$ 245 mil das vítimas.
Segundo os bombeiros, o colega pegou a quantia emprestada dos outros militares para liquidar algumas dívidas, mas nunca devolveu o dinheiro. Além disso, os envolvidos também não receberam os lucros prometidos.
Laudiney, porém, nega que tenha prometido os lucros e diz que já pagou a maior parte das dívidas (leia mais abaixo).
Promessas e dívidas As vítimas falaram ao Metrópoles com a condição de que não fossem identificadas. Elas contaram que todos trabalhavam no colégio militar Dom Pedro II, na Asa Sul.
“Por volta do ano de 2021, Laudiney me procurou perguntando se eu poderia ajudá-lo na sua franquia. A gente tinha essa amizade de companheiro de farda, amigo de trabalho, e ele prometeu uma pequena participação nos lucros, porque a empresa cobrava um juro exorbitante”, relembra um deles.
De acordo com os envolvidos, Laudiney pedia o dinheiro individualmente, para cada uma das vítimas, sem que elas tivessem conhecimento dos demais empréstimos. O bombeiro já tinha pagado dívidas anteriores, o que acabou aumentando a confiança dos colegas. O lucro prometido deveria ser depositado em setembro de 2022.
No entanto, o militar se negou a pagar as quantias, segundo os colegas. Eles tomaram conhecimento da situação um dos outros e chegaram à conclusão de que estavam sendo vítimas de um golpe. Eles indicaram, inclusive, que o número de pessoas prejudicadas pode ser maior.
“O dinheiro era da minha esposa, que ela recebeu da herança do pai dela. Foi o dinheiro que eu emprestei para o rapaz”, contou um bombeiro, que disse ter emprestado R$ 125 mil.
As vítimas relatam que tiveram problemas financeiros por conta da situação, chegando a vender carros e a pedir empréstimos.
Outro ponto é que o homem, de acordo com as vítimas, afirmava que tinha um imóvel localizado em Sobradinho que serviria como garantia para liquidar as dívidas, mas, na verdade, a casa havia sido vendida cinco anos antes.
Um processo foi encaminhado à Ouvidoria do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). A corporação considerou que havia indícios suficientes de transgressão disciplinar que demandariam uma investigação mais aprofundada. O caso é apurado por meio de um inquérito policial militar.
Também foi registrado um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Segundo relatos presentes no documento policial, o bombeiro já teria pago uma parte da dívida, cerca de R$ 43 mil, no primeiro semestre deste ano.
Bombeiro se defende Ao Metrópoles Laudiney Martins Arruda negou que tenha prometido alguma participação nos lucros, mas que o dinheiro, conforme o combinado com os colegas, seria utilizado no capital de giro da empresa da esposa dele.
O bombeiro militar acrescentou que já pagou a maior parte das dívidas, e, atualmente, restaria R$ 90 mil para quitar as dívidas, além dos juros envolvidos. Ele também indicou que tentou um acordo extraoficial com um deles.
Segundo ele, o que acontece é que os outros militares recorreram na Justiça e desconsideraram os valores já pagos.
“Ele está percebendo que eu tenho uns comprovantes, eu não vou pagar o montante que eles querem. Eles querem, de alguma forma, me pressionar para pagar mais, entendeu? Eu só pedi um ‘pause’ nos pagamentos, que logo depois eu entraria em contato para restabelecer”, disse.
Os processos judiciais que tramitam, indica Arruda, são apenas civis, e não há base para acusações criminais. O homem afirma que ainda não pagou suas dívidas por problemas nos negócios após a pandemia.
“A gente faz uma programação de pagamentos. Só que eles querem um valor a mais, além do que realmente é”, afirmou.
O CBMDF também foi consultado, mas não houve resposta até o fechamento desta reportagem. O espaço continua aberto para manifestações.