São Paulo — O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura da capital, atacou o prefeito Ricardo Nunes (MDB), seu adversário, no último debate antes do segundo turno das eleições, por causa dos pagamentos que Nunes recebeu em sua conta corrente de uma empresa ligada à máfia das creches, investigada pela Polícia Federal.
Nunes, em resposta, destacou uma detenção de Boulos, em 2017, por participar de um protesto do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
A troca de farpas ocorreu no terceiro bloco do debate, promovido pela TV Globo, em que Boulos fez a primeira pergunta. O caso do cheque já havia sido discutido em debates anteriores, com Nunes argumentando que os cheques que ele recebeu foram por serviços prestados. Desta vez, Boulos questionou por que o cheque foi depositado em sua conta pessoal, se o serviço havia sido realizado por sua empresa.
Nunes respondeu dizendo que era “triste” Boulos “falar um monte de mentiras”. Ele também afirmou que o adversário “nunca empreendeu” e destacou que Boulos “foi condenado 32 vezes por suas mentiras” pela Justiça Eleitoral. O prefeito explicou que o caso se tratou de uma “denúncia anônima de 2019” que já havia sido arquivada pelo Ministério Público.
Em agosto, a Polícia Federal indiciou 116 pessoas por participação em uma máfia estruturada para desviar recursos de creches da cidade. A PF apontou suspeitas sobre a ligação de Nunes com o esquema e solicitou à Justiça autorização para manter, em separado, uma investigação sobre o prefeito.
Nunes, ao se defender, afirmou que Boulos também teve problemas com a Justiça e leu trechos de um relatório que narrava uma detenção do adversário e de outro militante, “acusados de participar de ataques contra a Polícia Militar”. Nunes acrescentou: “Uma pessoa com esse histórico de vida, que depredou a Fiesp”, e questionou: “Você se arrepende de ter depredado a Fiesp?”
Boulos afirmou que foi detido em uma manifestação contra uma reintegração de posse que considerava injusta e devolveu a acusação, citando um caso ocorrido em 1996, em que Nunes foi detido por fazer disparos com uma pistola ilegal na porta de uma balada em Embu das Artes. Nunes foi indiciado e firmou um acordo para encerrar o processo.
Ao longo da troca de farpas, o mediador do debate, César Tralli, advertiu Nunes duas vezes por estar com documentos e seu celular em mãos, o que não era permitido pelas regras do programa. Boulos ironizou a postura: “O Ricardo é aquela criança que anda de bicicleta com rodinhas. Uma rodinha é o Tarcísio e outra é o Bolsonaro.”