RJ concentra 43% dos casos e lidera ranking nos Estados, diz associação; dados consideram transportes públicos urbanos
Foram 9 ônibus incendiados até 29 de janeiro de 2024; na imagem, veículo incendiado em Brasília em 2022 Sérgio Lima/Poder360 – 12.dez.2022
Gabriel Benevides 30.jan.2024 (terça-feira) – 14h35
Com 105 ocorrências em 2023, o número de ônibus de transporte urbano público coletivo queimados no Brasil aumentou 67% em comparação com o ano anterior. Os dados são de um levantamento da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). Eis a íntegra (PDF – 142 kB).
Os registros de coletivos incendiados estavam em queda desde 2018. O resultado de 2023 interrompeu o ciclo e representou a maior estatística desde 2019.
Já foram 9 ônibus queimados em 2024. Leia abaixo o histórico de casos:
O pico de ônibus queimados se deu em 2014, quando manifestantes depredaram os transportes públicos em protestos contra o governo de Dilma Rousseff (PT). Totalizaram 657 casos.
As ocorrências de 2020 e 2021 naturalmente são mais baixas. A circulação dos veículos foi limitada por causa do isolamento social provocado pela pandemia.
A NTU considerou ônibus coletivos de transporte público municipal e metropolitano para o levantamento –aqueles utilizados no cotidiano pela população. Apesar do nome, esses veículos costumam ser operados por empresas privadas que têm a concessão do serviço. Veículos usados para turismo e para viagens interestaduais não entram na conta.
NOS ESTADOS O Rio de Janeiro tem 43% dos incêndios a coletivos em 2023. Foram 45 no Estado ao longo do ano. Nos ataques de outubro, 25 ônibus do tipo foram destruídos pelo fogo. Outros 10 veículos de turismo e fretamento sofreram com os incêndios (estes não entraram no levantamento), totalizando 35 queimados.
O 2º lugar no ranking das unidades da Federação fica com São Paulo, com 15 casos. O valor é 3 vezes menor que o 1º colocado.
O Nordeste também se destaca na lista. O Rio Grande do Norte e a Bahia tiveram 10 registros cada. Houve um aumento de violência em ambas as unidades da Federação ao longo de 2023 por causa do crime organizado.
Minas Gerais (10) e Espírito Santo (5) também estão na contagem de Estados brasileiros com ônibus queimados em 2023. O Sudeste é a única região com casos em sua totalidade.
De todas as UFs, 16 não registraram ataques a fogo nos transportes coletivos em 2023.
Ao considerar o acumulado da série histórica, iniciada em 2004, o Sudeste concentra a maior parte das ocorrências. São Paulo lidera (785), seguido pelo Rio (665) e por Minas Gerais (450).
CRIME, SEGURANÇA E ELEIÇÕES Como o Poder360 mostrou nesta reportagem, a destruição dos ônibus com incêndios é uma questão relacionada à segurança pública do país. Muitos dos casos são ligados a atos do crime organizado.
Estados que estão entre os mais afetados da lista passaram por momentos de violência em 2023:
Rio Grande do Norte – facções criminosas promoveram ataques no Estado em março. Durou dias em diversas cidades; Bahia – foi alvo de diversas operações policiais em regiões periféricas em agosto. A polícia fala em combate ao crime organizado; Rio de Janeiro – criminosos queimaram 35 ônibus (25 coletivos públicos e 10 de turismo) depois da prisão de um miliciano em outubro. Ainda há os impactos políticos da decisão. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa conquistar a confiança da população em relação a suas políticas para segurança, vistas como brandas e coniventes pela oposição. Um aumento no número de ônibus queimados pode pesar negativamente para a gestão petista.
Os candidatos nas eleições municipais–especialmente os que tentam reeleição– terão que se atentar cada vez mais a questões de segurança pública envolvendo suas cidades. Partidos de esquerda, que costumam ter mais força no Nordeste, podem perder prefeituras a depender da situação dos municípios da região.
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