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Caboclos voltam ao Pavilhão da Lapinha e encerram comemorações do 2 de Julho

A cabocla e o caboclo estão de volta à Lapinha. Da saída do Largo do Campo Grande até a chegada ao Pavilhão Dois de Julho, não faltaram soteropolitanos para acompanhar o cortejo mais acelerado, que marca o encerramento dos cinco dias de comemorações da Independência da Bahia. 

“Isso aqui é uma coisa linda. Estávamos todos com saudade de ver os nossos guerreiros de perto, de sentir a energia do povo e festa que a gente faz, mesmo em uma terça-feira. É muita tradição e vontade de viver cada minuto dessa história”, diz Estela Assiz, 48, aguardando a saída dos caboclos, Campo Grande. No local, dezenas de admiradores faziam um esquenta antes do cortejo. 

Às 18h20, a Orquestra do Maestro Reginaldo de Xangô, que há mais de 25 anos integra a programação, anunciou o início da caminhada. “É sempre uma emoção o cortejo da volta da cabocla, porque é o momento em que realmente é uma manifestação popular. Não há disputas. Aqui todo mundo está junto, no mesmo ritmo, com a mesma camisa e um só objetivo: levar de volta os nossos heróis populares”, destaca Rita Barbosa, responsável pela fanfarra.

A percussão saiu à frente e os caboclos logo atrás, acompanhados de perto pelo grupo de Rodrigo Guedes, de 33 anos. Ele e outros 10 amigos se juntaram em 2019 para acompanharem a volta da Cabocla, sempre padronizados. Eles usavam camisas com a imagem dos indígenas símbolos de resistência das Bahia.

“Fizemos isso para celebrar a aldeia dos caboclos, que é união. E como bons camaradas, nós estamos aqui hoje para buscar os nossos camaradas que há dois anos a gente não via. Viemos agradecer por estarmos vivos, pelos grandes médicos e pela saúde”, conta Rodrigo.

Na passagem pelas ruas do Centro Histórico, o cortejo passou agitando a multidão e atraindo mais pessoas para a caminhada, ao som do samba enredo “É Hoje”, segundo assim até o Pavilhão da Lapinha. 

Moradores já aguardavam ansiosos na janela de casa, e a praça da Lapinha estava cheia de gente. Maria das Graças, 52, que acompanha o cortejo todos os anos, não pode fazer o mesmo desta vez. Mas nem por isso deixou de acompanhar a chegada dos caboclos.

“Desci, porque de casa não é a mesma emoção. A nossa história precisa ser celebrada, por isso eu faço questão de acompanhar. Este ano não deu, mas a minha presença na hora da entrada dela [Cabocla] não vai faltar. Também trouxe minha neta, para que ela já saiba desde cedo, quem nós somos”, conta Maria.

As imagens foram recebidas em meio a aplausos e gritos da plateia que já os aguardava, assim como daqueles que vieram acompanhando o cortejo. Todos entoavam o hino da Bahia. Antes da entrada dos caboclos no galpão, eles receberam banhos de pipoca e confetes. 

Duas pombas brancas e fogos de artifício encerram a cerimônia. Assim, a população devolveu os carros emblemáticos ao Pavilhão 2 de Julho, onde ficarão guardados até os festejos do ano seguinte. Em 2023, o evento completará 200 anos.  
Para Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Matos, órgão da Prefeitura de Salvador responsável pelos festejos da Independência do Brasil na Bahia, o retorno das comemorações após dois anos marca a celebração do bicentenário. “Eu diria que esse Dois de Julho é um marco duplo. Primeiro por marcar a volta das comemorações e segundo porque abre esse grande evento pelos 200 anos. Então é muito emocionante que tudo tenha dado certo”, conta o gestor.

Ainda de acordo com Guerreiro, a partir do ano que vem, o Galpão do Dois de Julho será transformado em um memorial que poderá ser visitado o ano inteiro. 
 

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo

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