Uma queda no banheiro de casa, na noite de sábado (19/10), fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelar a viagem que faria à Rússia para participar da Cúpula dos Brics. O caso de Lula, que tem 78 anos, reflete os perigos domésticos que rondam a terceira idade.
O envelhecimento aumenta o risco de quedas, seja devido a condições de saúde que atrapalham o equilíbrio ou por conta da fragilidade do corpo. “As perdas sensoriais, como problemas de visão e audição, são fatores importantes que aumentam o risco de queda. A visão, por exemplo, é essencial para que a pessoa tenha noção de amplitude do movimento, de distância e de obstáculos”, explica o geriatra Tiago Ferolla, da Rede Mater Dei de Saúde, de Minas Gerais.
Além disso, Tiago destaca que doenças crônicas, como as cardiovasculares, podem piorar a condição física do idoso, levando a uma perda de massa muscular, o que afeta o equilíbrio. Outro aspecto preocupante das quedas para a saúde das pessoas mais velhas são as lesões que surgem após acidentes domésticos.
O ortopedista Caio Zamboni, membro da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO), ressalta que as contusões, cortes e fraturas estão entre as consequências mais comuns. “As contusões podem acontecer em diversos membros, especialmente nos superiores, pois as pessoas tendem a se proteger da queda apoiando o braço ou o cotovelo. Já os cortes ocorrem como resultado direto do impacto, principalmente em idosos, que tem a pele mais fina e menos elástica”, comenta.
As fraturas mais comuns causadas por quedas são no punho, coluna, ombro e, a mais grave, no fêmur.
Importância da atividade física na terceira idade
A prática regular de exercícios físicos é crucial para prevenir quedas em pessoas idosas, pois ajuda a fortalecer a musculatura e, consequentemente, melhora o equilíbrio e reduz o risco de acidentes.
O geriatra Tiago Ferolla indica atividades de resistência, como musculação e pilates, como as mais eficazes para a prevenção de quedas. “Esses exercícios aumentam a massa muscular, e uma musculatura mais robusta melhora o equilíbrio do paciente, ajudando a evitar quedas”, afirma.
Como prevenir quedas em casa
Para reduzir o risco de acidentes domésticos em casa para idosos, algumas adaptações simples no ambiente doméstico devem ser feitas. Confira as principais recomendações:
- Instalar corrimãos e barras de apoio: os dispositivos devem ser colocados ao redor do vaso sanitário e dentro do box, proporcionando pontos extras de apoio;
- Utilizar pisos antiderrapantes: especialmente em áreas como banheiros e cozinhas, os pisos antiderrapantes são fundamentais para evitar escorregões;
- Eliminar tapetes e fios soltos: esses objetos podem se tornar armadilhas dentro de casa. Manter o chão livre de obstáculos é crucial;
- Ajustar a altura dos móveis: móveis com altura adequada podem servir de apoio para os idosos se movimentarem. No entanto, é importante evitar bordas pontiagudas para reduzir o risco de ferimentos em caso de queda;
- Garantir uma boa iluminação: a iluminação adequada é essencial, principalmente durante a noite. Luzes automáticas ou interruptores próximos à cama são importantes para que o idoso evite andar no escuro;
- Facilidade de comunicação: colocar telefones em locais estratégicos da casa, ao alcance do idoso, para que ele possa pedir ajuda em caso de queda ou emergência;
- Calçados adequados: o uso de calçados fechados e ajustados ao pé, é altamente recomendado para evitar escorregões e tropeços.
Quando procurar ajuda médica
Segundo o ortopedista Caio Zamboni, qualquer lesão ou dor sentida após um acidente doméstico deve ser avaliada por um profissional de saúde para evitar complicações futuras. “O aconselhável é que sempre que haja uma queda e o paciente sinta dor ou apresente algum tipo de lesão, ele procure atendimento médico”, orienta.
Algumas fraturas podem passar despercebidas em um primeiro momento, por isso é importante realizar uma consulta logo após o incidente. Além disso, condições de saúde pré-existentes, como o diabetes, podem dificultar a cicatrização de lesões na pele, aumentando o risco de infecção e de outras complicações.
“Às vezes, as lesões são negligenciadas porque a pessoa acha que não quebrou ou que vai cicatrizar sozinho. Isso é um erro grave, especialmente em casos de pessoas com condições de saúde crônicas”, alerta o médico.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!