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Com ‘Os Outros’, Globoplay mostra o que tem a ensinar à Netflix

Num levantamento recente, o site Jovem Nerd relacionou nada menos que 15 serviços de streaming operando no Brasil. Olhei a relação e me lembrei de, ao menos, outros cinco que não estão na lista. Parafraseando Caetano, que há 50 anos perguntava “quem lê tanta notícia?”, a gente pergunta hoje: “quem assiste tanta coisa?”. Definitivamente, é impossível ter tempo para isso. Sem falar que, se for assinar tudo isso, você vai gastar, por baixo, R$ 500 a R$ 600 por mês. Quem pode?! Então, antes de escolher o serviço que você quer assinar, é bom dar uma pesquisada e ver qual deles é mais adequado aos seus interesses. Se gosta de séries badaladas e tem adolescente em casa, dificilmente vai escapar da Netflix. Se gosta mesmo de filmes feitos para cinema, talvez seu lugar seja a HBO Max ou o streaming do Telecine. Se curte esportes e quer assistir até ao campeonato de futebol do Equador, não pense duas vezes: o Star+ é o seu serviço. Em todos esses serviços há, claramente, um predomínio da produção internacional. Se você quer assistir a produções turcas, coreanas, indianas… não faltam opções. Mas para quem gosta mesmo de produções brasileiras – como o jornalista que assina este texto -, afinal, qual o melhor streaming? Aí, não precisa pensar duas vezes: o Globoplay é, muito de longe, o melhor criador de conteúdo nacional. E não importa se você prefere ficção ou documentários. Não importa também se prefere produção atual ou antiga. Quer matar a saudade das velhas novelas? Tem clássicos da dramaturgia, como Pecado Capital, de 1975, de Janete Clair. Só a abertura, com Paulinho da Viola cantando a música que compôs por encomenda da Globo, já vale a assinatura. Mas se quer produções recentes, tem Todas as Flores, criação de João Emanuel Carneiro – o mesmo de Avenida Brasil, outra novela clássica que, claro, também está lá no Globoplay. Em Todas as Flores, mesmo com todas as escorregadas do roteiro, vimos um ótimo duelo entre Regina Casé e Letícia Colin, como mãe e filha. CLÁSSICOS DA DRAMATURGIA E o catálogo de produções antigas é permanentemente alimentado. Na semana passada chegou, por exemplo, Locomotivas, de 1977. A novela de Cassiano Gabus Mendes tem alguns dos melhores atores e atrizes de nossa história e poder vê-los é um grande privilégio: tem Walmor Chagas, Eloísa Mafalda, Eva Todor, Miriam Pires, Aracy Balabanian… um tesouro para quem se deleita com um desfile os mestres brasileiros da interpretação. Mas assistir a essas obras antigas não é mero exercício de nostalgia ou entretenimento: elas são também um importante registro de nossa história e de nossos comportamentos. Novelas são um importante reflexo da sociedade brasileira. Ou, em muitos casos, ditava como a sociedade devia se comportar. Nesse caso, uso o verbo no passado porque, hoje, as redes sociais é que ditam o comportamento. Mas houve um tempo em que as roupas, os penteados, as gírias, os bordões… tudo isso era disseminado pelas novelas. E conhecer isso é conhecer a nossa história. Acredite: já são quase 150 novelas no catálogo. Mas não é só de passado que vive o assinante do Globoplay. O serviço também está investindo muito em produções originais e Todas as Flores é um desses exemplos, criados para fisgar novos assinantes. Mais recentemente, chegou outra produção de ficção que está sendo apontada como o maior sucesso da plataforma até aqui: a série Os Outros, com Adriana Esteves. Mas ela é só mais uma isca para encabeçar um elenco formado por atores menos conhecidos, mas não menos talentosos, como Milhem Cortaz, Maeve Jinkings e Thomas Aquino. A série criou certo estardalhaço nas redes sociais e não é à toa: está no patamar das melhores produções internacionais, com um roteiro repleto de suspense, drama e realismo que impressionam muito. Mas com uma grande diferença em relação às produções nacionais de outros serviços de streaming: reflete a nossa cultura, os nossos pensamentos, os nossos problemas, a vida da nossa classe média… E não não é isso que vemos nas produções brasileiras da Netflix, por exemplo. Vejamos o caso de Cidade Invisível, que tem duas temporadas e foi criada por Carlos Saldanha, de A Era do Gelo. A ideia parece até interessante: usar personagens do nosso folclore, como o Saci e o boto-cor-de-rosa, e inseri-los numa trama policial. Mas o resultado frustrou: virou uma história policial qualquer e, creia, quase sem brasilidade. Acabou ficando meio “folclórica”, no pior sentido da palavra. BRASILEIRO SE VÊ NAS TELAS E isso tem uma explicação: a Netflix, como a maioria dos serviços internacionais, pretende, claro, conquistar audiência em todo o mundo. E, para isso, precisa moldar suas produções ao gosto internacional, o que acaba, às vezes, descaracterizando as particularidades brasileiras. O Globoplay, pelo menos por enquanto, não parece ter essa pretensão internacional. Então, acaba realizando produções que tem muito mais a nossa “cara”. Veja, por exemplo, a excelente As Five, série derivada de Malhação. Mas esqueça aquela velha Malhação, insossa e com atores ruinzinhos, “apenas mais um rostinho bonito”. Aqui, são excelentes atrizes, jovens revelações dirigidas pelo ótimo cineasta Cao Hamburger, do filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias. E a trama, como em Os Outros, mostra o universo brasileiro a que estamos acostumados: desigualdade social, desemprego, gravidez na adolescência… temas com o qual nossos jovens, lamentavelmente, convivem. E não é só o catálogo de ficção do Globoplay que é muito bom: o acervo documental é igualmente interessante e farto. Há pouco, chegou a série sobre Galvão – Olha o Que Ele Fez, sobre Galvão Bueno, o narrador mais popular da história do país. Tinha tudo para ser chapa-branca, laudatória e idolatrar a voz que se transformou numa instituição nacional. Mas está longe de ser isso: há imagens que revelam um Galvão genioso, brigão e que solta palavrões como ninguém. Há também, claro, elogios a ele, muitas vezes merecido. Há ainda um respeitável catálogo de séries de temas policiais e true crime. O primeiro que chamou a atenção foi O Caso Evandro, sobre a morte de um menino de seis anos que chocou o país em 1992. O jornalista Ivan Mizanzuk, obcecado por esse acontecimento se dedicou muitos anos à pesquisa e conseguiu depoimentos reveladores. A série, embora aborde temas bizarros, como rituais satânicos, não cai no sensacionalismo. Na mesma linha, tem Questiona ou Adora, sobre a morte do pastor Anderson do Carmo, que era casado com a então deputada Flordelis. Há pouco, chegou uma produção sobre Tim Lopes, repórter da Globo assassinado enquanto realizava uma reportagem sobre o tráfico de drogas no Rio. E se já acha que tem muita coisa, se prepare porque ainda tem bastante produção anunciada para breve. Nesta quinta-feira (13) estreia uma das mais esperadas, que é a série sobre Xuxa, em que a apresentadora reencontra Marlene Mattos, sua ex-empresária, hoje acusada de ter assediado moralmente Xuxa e as Paquitas. E já está anunciada uma produção sobre uma das duplas musicais brasileiras responsáveis por alguns dos maiores sucessos de nossa história: Sullivan e Massadas, por trás de clássicos como Um Dia de Domingo, Deslizes e Whisky a Gogo. É muita coisa! NÃO DEIXE DE VER Rio do Desejo O longa do cineasta baiano Sérgio Machado (Cidade Baixa) é baseado num conto do premiado escritor amazonense Milton Hatoum. No filme, Dalberto (Daniel de Oliveira) socorre Anaíra (Sophie Charlotte) depois que ela é agredida pelo companheiro. Os dois se envolvem e tem início um caso de triângulo amoroso tenso, que envolve o irmão de Dalberto. Dizer que estamos prestes a testemunhar uma tragédia não é spoiler: desde o início, o clima do filme, muito bem construído por Machado, deixa isso claro. Mas não importa o que vai acontecer: o que vale aqui é como acontece. Vale Tudo com Tim Maia A série documental em quatro episódios tem somente imagens de arquivo, exclusivamente com depoimentos do próprio cantor. Com muita coisa inédita, fornecida por Carmelo, filho do artista, vemos Tim contar como foi a sua vida. Tudo, claro, com o humor peculiar do cantor. O mais interessante da série é conhecer o os bastidores do envolvimento dele com a Cultura Racional, que virou completamente sua cabeça e rendeu o cultuado álbum duplo Tim Maia Racional. Cine Holliúdy Uma divertida série de comédia, muito leve e no estilo bem popular, como eram os filmes do velho Mazzaropi. “Chifres”, escândalos, amores proibidos… tudo, incluindo as interpretações, é muito exagerado e é justamente aí que mora a graça da produção baseada no filme de 2013. Mais uma vez, a Globo acerta no elenco, que tem, entre os destaques, o protagonista Edmilson Filho, um talentoso comediante que é mestre em Taekwondo. Além de cômica, a série faz uma homenagem às artes marciais.

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