Há oito anos atrás, o Brasil se comprometeu, no Acordo de Paris, em reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030. Mas para isso, o país precisa de cerca de R$ 1 trilhão. Este foi o cálculo feito pela empresa de consultoria OliverWyman, baseado no relatório do Fórum Econômico Mundial. O estudo aponta que esse valor envolve fomento em tecnologias, financiamentos e criação de instrumentos financeiros. O sócio da OliverWyman e líder de Práticas de Clima e Sustentabilidade, Guilherme Xavier, explica, no entanto, que especificidades brasileiras dificultam o acesso a maiores fluxos de capital: “Você precisa ter regras claras, você precisa ter definições bastante claras do tipo de investimento e segurança para que esses projetos de fato aconteçam e dentro daquilo que eles foram pensados, projetados. Então eu acho que ainda são alguns obstáculos. De novo, principalmente naqueles setores onde a gente ainda não tem uma tradição”. Atrair capital não é o único desafio. O Brasil precisa ainda de uma série de medidas, como o fim imediato do desmatamento ilegal, agricultura de baixo carbono e estratégias de descarbonização específicas para cada setor.
Unir esforços dos poderes público e privado é considerado crucial mas, para o economista Lucas Borges, o governo precisa ser claro nas propostas: “O governo não fala exatamente qual que vai ser a pauta dele. Você é dentro do setor privado, você precisa ter um incentivo. Não tem bem exatamente um nome, mas vamos chamar de incentivo climático, algo assim. Talvez um selo verde, que eles também têm esse plano de lançar. Então o empresário precisa ter um incentivo para poder investir dentro dessa agenda de ESG, essa agenda climática, para poder também ter resultado”. O fato do Brasil ser um país de dimensões continentais, que abriga a maior floresta tropical do mundo e que tem matriz energética renovável abre caminhos para um futuro promissor na chamada transição verde.
O valor de R$ 1 trilhão para conseguir cumprir o acordo pode parecer impossível de se conseguir, no entanto, Guilherme Xavier garante que é viável: “São soluções que a gente já tem. E para isso você já tem inclusive formas de financiamento. Os bancos têm linhas de crédito, os organismos multilaterais têm organismos de crédito para isso. Os investidores internacionais já fazem o aporte de capital para essas tecnologias. É uma meta grande, mas é uma meta factível”. Reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa tem de ser prioridade para os países. O impacto desses gases na camada de ozônio tem provocado o aumento da temperatura da terra e, consequentemente, acarretado em um volume maior de desastres naturais.
*Com informações da repórter Camila Yunes