18 julho, 2025
sexta-feira, 18 julho, 2025

PM acusado de matar carteiro em Itamaraju, volta a ser preso

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Num capítulo estarrecedor da violência urbana em Itamaraju, a Justiça deu um passo decisivo no caso que investiga o assassinato brutal do carteiro Marcos Silva de Jesus, morto a sangue frio enquanto cumpria seu ofício em plena luz do dia.

A Vara Criminal de Itamaraju, sob a liderança do juiz Gustavo Vargas Quinamo, acolheu denúncia do Ministério Público da Bahia, representado pelo Promotor Igor Saulo Ferreira Rocha Assunção, e decretou a prisão preventiva dos acusados Nailson de Oliveira Moura, policial militar, e Josenilson Braga Santos. O crime, ocorrido em 16 de agosto de 2023, ganhou novos contornos após confissão detalhada de um dos envolvidos.

Na operação de cumprimento do mandado de prisão preventiva, deflagrada na manhã de quinta-feira, 16 de maio, a polícia prendeu o PM Nailson Moura em Itabela, flagrando em sua posse duas armas de fogo tipo pistola, R$ 71 mil em espécie, notas promissórias e cheques que somam mais de R$ 1 milhão, além de três veículos de luxo. A apreensão expôs um possível esquema de agiotagem, ocultação de bens e organização criminosa.

O processo, que tramita sob o número 8001147-64.2025.8.05.0120, corre sob segredo de justiça, mas a decisão judicial que embasou as prisões foi tornada pública — e revela detalhes chocantes sobre a execução da vítima.

Segundo a denúncia, o carteiro foi surpreendido por três homens em um Fiat Mobi branco, que dispararam múltiplas vezes. Mesmo após a queda, um dos algozes se aproximou para efetuar um disparo fatal na cabeça, assegurando a morte. O Laudo de Necrópsia indica nove perfurações por projéteis de arma de fogo, com a causa da morte sendo “anemia aguda” por “instrumento perfuro contundente”.

A investigação revelou ainda que o crime foi premeditado, com vigilância da rotina da vítima, fornecimento de roupas e veículos aos executores, além da tentativa de criar álibis falsos — configurando fraude processual e associação criminosa armada.

A confissão de Josenilson Braga, registrada em 10 de maio de 2025, desmontou a farsa e apontou o envolvimento direto do PM Nailson Moura no planejamento e execução, fortalecendo os argumentos para a prisão preventiva, baseada no risco concreto à instrução criminal, periculosidade dos acusados e histórico de reiteração delitiva.

Mesmo após quase dois anos do crime, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) validou a contemporaneidade da prisão preventiva, reforçada por novas provas que surgiram recentemente.

A prisão de Nailson Moura, que já havia sido detido pela Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas em 2024 e solto por habeas corpus, evidencia a gravidade e a complexidade do caso. Agora, ele retorna à prisão, desta vez em caráter preventivo, sendo transferido para o Centro de Custódia Provisória (CHOQUE) em Salvador.

A comoção social causada pela execução de um servidor público em horário de serviço, somada à revelação de um possível esquema milionário de agiotagem, reforça a necessidade de resposta enérgica do Estado. Como pontuou o magistrado, trata-se de um crime que abala profundamente a ordem pública, exigindo medidas severas e imediatas.

Os réus serão formalmente citados e têm 10 dias para apresentar defesa. O processo segue em sigilo parcial, com o cumprimento do mandado de prisão autorizando a liberação de trechos das decisões judiciais à imprensa.

O que começou como um crime aparentemente isolado revela agora um enredo sombrio de ganância, poder e sangue, cujas consequências jurídicas ainda estão sendo escritas — mas cujos impactos já marcaram para sempre a história de Itamaraju.

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